AGENDA CULTURAL

5.5.17

Sobre a perda da Virada Cultural e afins

Maria Gadú agita público da Virada Cultural de Araçatuba
Antônio Carlos Nicolau*

Dizem por aí que Virada Cultural é baderna, coisa de maconheiro ou de esquerda mortadela. Que artista é vagabundo e que tem outras prioridades pra essa verba e outras verbas.

Ninguém pensa que em um evento desse porte, vem um monte de gente de outras cidades da região. Que, no mínimo, elas consumem alimentos e bebidas, além de combustível, entre outras coisas. Que essas pessoas só não ficam pra dormir nos hotéis da cidade porque são os empresários do setor que estão dormindo no ponto.

Que só não vem mais gente, porque não existe unidade e solidariedade entre as Secretarias Municipais de Cultura, Turismo e Desenvolvimento Econômico para junto com a iniciativa privada enxergar oportunidade de renda ao invés de custo.

Onde está e para que serve o Conselho Municipal de Políticas Culturais para defender a manutenção do evento ou Associação Comercial e Industrial de Araçatuba para sugerir um dia de bota-fora, promoções nos serviços e comércio local? Não tem calendário planejado.

Pra mim, gente desinteressada, para não dizer, despreparada! Pra não dizer, outras coisas piores...

Esse ano já não teve carnaval municipal, mas ações populares, bares, restaurantes e espaços culturais fizeram suas folias e geraram renda. Já na administração, o número de cargos comissionados igualou, senão ultrapassou a administração passada. Então não dá pra acreditar que essa verba será melhor gerida agora ou daqui para frente.

Só pra lembrar, o Governo do Estado fechou todas as unidades que proporcionavam atividades GRATUITAS de formação e difusão cultural em diferentes linguagens artísticas no estado. Agora a administração municipal faz isso.

Não importa sua ideologia, preferência política ou o que o valha. Não tem volta. Falta de visão estratégica, não tem solução.

Li em algum comentário de rede social: “Começa tirando o pouco acesso a cultura . . . e depois vão tirando outras coisas”. Já estão fazendo isso com a Educação ou já se esqueceram das ocupações recentes? 

Estão fazendo com a previdência e usurpando a aposentadoria dos trabalhadores, enquanto o custo/mês de um comissionado, vereador, deputado e senador é imoral diante de todo o mais.

Ninguém fez a conta pra perceber que R$ 3,85 foi o custo por pessoa da última Virada Cultural. Menos que uma corrida de mototáxi, quase o valor de uma passagem de ônibus ou de um litro de gasolina.

Por que, se a Virada Cultural envolveu R$229.402,00 em recursos e teve público de 60 mil pessoas, então o "custo" por pessoa foi de R$ 3,85.

Esse é o valor que o cidadão que gosta de arte ou que só tem esse acesso, NÃO tem direito, mesmo consumindo produtos e serviços, e pagando impostos.

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Mas brasileiro, paulista, araçatubense pensa que é o fodão! Então, toma...Agora aguenta! Todos ficam sem diversão e a cidade com menos oportunidade de circular dinheiro.


*Antônio Carlos Nicolau é produtor cultural

Um comentário:

Anônimo disse...

Muito bem, falam que a cidade tem outras prioridades mas não mostram as soluções. Para mim a unica coisa que funciona aqui é a ZONA azul.