AGENDA CULTURAL

8.11.17

Pais não educam e querem impedir a escola de fazê-lo

A imagem foi parar nas redes sociais e causou muitas discussões sobre a permissão da escola para abordar tais assuntos em sala de aula, bem como as circunstâncias em que os itens descritos foram parar no quadro negro.O fato é que a aula tratava de uma atividade do Projeto Vale Sonhar, desenvolvido pelo Governo do Estado de São Paulo em parceria com o Instituto Kaplan – Centro de Estudos da Sexualidade Humana, que tem o objetivo de diminuir os índices de gravidez na adolescência e prevenir doenças sexualmente transmissíveis (DSTs).

CRÔNICA: este blogueiro teve uma educação sexual repressora, ou melhor, nenhuma orientação, apenas repreensões. Em casa, nada. Como o prédio era pequeno, apenas ouvia os gemidos noturnos de papai e mamãe.

Na igreja, antes do Vaticano Segundo, se contasse que havia se masturbado no confessionário, o padre mandava rezar muitas aves-marias e pais-nossos. Deus tomava conta da alma e o diabo do corpo.

Como eu não era pouco besta, encomendei um livro de orientação sexual  pelo reembolso postal, porque a Livraria dos Amigos em Araçatuba não vendia esses livros. Por encontrar as respostas às minhas perguntas existenciais no livro, a biblioteca passou a ser minha paixão.  

Devo confessar que os catecismos do Zéfiro passaram por meus banheiros, emprestados pelos homens mais velhos. Nele, havia as sem-vergonhices. Eram desenhos a bico de pena, em preto branco, mas para quem ainda não havia visto uma mulher nua ao vivo, era uma emoção.

Meus filhos tomaram banho com os pais, até uma certa idade. Quando começou a causar constrangimento, a prática acabou. Filho e filha namoravam sem aquela vigilância. E nem por isso, algum deles se desviou pelo caminho. As famílias estão constituídas, tenho cinco netos.   

Estou contando isso, caro leitor, porque a educação é luz na escuridão e transparência. E a notícia de jornal (transcrita aqui) mostra que pais não orientam em casa e acham ruim quando a escola assume a função deles.

Veja o depoimento de uma aluna sobre as aulas de orientação sexual que foi protestada pelos pais que, sem dar muita importância (como fazem com a educação dos filhos), assinaram a permissão de  tais aulas.

DEPOIMENTO DA ALUNA: "... participou da aula postou em seu perfil na rede social que a polêmica sobre a aula foi desnecessária, já que, segundo ela, a escola é o melhor lugar para que os adolescentes aprendam sobre sexo, já que os pais não abordam o assunto em casa."

A foto das palavras e expressões registradas na lousa com toda a clareza deve ter chocado alguns pais, mas isso faz parte da pedagogia adotada, em vez de escrever termos eruditos ou em latim, usou-se o que se fala no cotidiano. E outra coisa, é um programa educacional de um governo conservador.

Tenho certeza de que o promotor Joel Furlan vai encaminhar com sabedoria o impasse juntamente com a escola e com a Diretoria de Ensino. Ele é um sujeito cabeça. Nada de obscurantismo, retrocesso jamais. Estamos no século 21.  

*Hélio Consolaro é professor, jornalista e escritor. 

3 comentários:

Anônimo disse...

Esse é meu professor! Orgulho para mim.

Anônimo disse...

Meu querido professor!

Anônimo disse...

Adorei, esse é meu professor!