AGENDA CULTURAL

28.1.18

Fábrica imunda de shoyu em Araçatuba. O capitalismo é selvagem, mas não precisa de tanto

Fotos: Regionalpress
Aspectos da fábrica de shoyu
Hélio Consolaro*

Você ficou sabendo, caro leitor, que autoridades policiais encontraram uma fábrica clandestina de shoyu em bairro residencial de Araçatuba? Lugar nobre da cidade.

Esse molho é escuro (o shoyu), condimento usado principalmente no consumo do shashimi, é resultado da fermentação de soja. Como a Helena é nissei, então conheço a cozinha japonesa. E em Araçatuba tem um descendente de  japonês em cada esquina: nikkei, nissei, sansei, yonsei.

Aliás, um sujeito me pediu, ao namorar uma moça nissei, há duas décadas atrás, se valia a pena se casar com uma japonesa.

Eu fui sincero com ele:

- Cara, fuja, porque se cair no prato de shoyo como uma mosca, não escapa mais.

Rimos muito. E ele se casou com a nissei, o shoyu é pegajoso. O conselho não valeu nada. Na verdade, era apenas uma brincadeira. 


Eis o shoyu sujo engarrafado
Tal fábrica nos tempos idos era um lugar que realmente fabricava produtos da gastronomia japonesa. Não sei se antigamente era um lugar confiável, limpo, mas com certeza, bem mais cuidado. O lugar foi se deteriorando, trocando de proprietários e acabou nas páginas policiais. 

Tudo aconteceu por acaso, não foi uma ação direta da Vigilância Sanitária da Prefeitura de Araçatuba. O sujeito (um ladrão) pulava o muro para dentro do barracão, talvez para se esconder, quando a polícia passava com a viatura. E os policiais pegaram o sujeito quase dentro de uma tina de shoyo. Para despistar a polícia, se dizia funcionário da fábrica.

Os policiais viram aquela bagunça com cara de fábrica, se chocaram com tanta sujeira e desorganização, que chamaram as autoridades da Vigilância Sanitária. E deu no que deu, não sei se tudo resolveu.

Os produtos eram bem embalados, vendidos em prateleiras de supermercados. Veja a foto das garrafinhas, quem sabe há algumas delas em sua casa.

A produção de alimentos, de remédios e outros produtos essenciais à vida humana é feita para que seus proprietários ganhem dinheiro, tenham lucro. Nenhum mal nisso, mas os empresários precisam ter uma ética para produzir alimentos saudáveis e remédios eficientes. Além disso, há fiscalização governamental. O capitalismo pode ser selvagem, mas sua voracidade precisa de limites.

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*Hélio Consolaro é professor, jornalista e escritor.

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