AGENDA CULTURAL

4.9.18

Museu: só aprendemos com as tragédias

*Hélio Consolaro é professor, jornalista e escritor. Membro das academias de letras de Araçatuba-SP, Andradina-SP e Itaperuna-SP 

Nós somos assim mesmo. A humanidade é assim. E não me venha com aquele complexo de vira-lata dizer que "os brasileiros são assim mesmo", mas que você não está na lista, pois é um cidadão exemplar. Nem sabe se é mesmo brasileiro, porque está à procura de uma segunda cidadania.

Pior é que muito se fala sobre o processo de destruição que estamos submetendo o planeta, mas poucos acreditam. E nessa tragédia não vai ter a segunda chance, será mesmo o fim do mundo.

Somos assim mesmo. O médico fala: "se continuar assim, você vai morrer!". Que nada! Deus é meu amigo... Os bombeiros alertam. E aconteceu o incêndio na boate Kiss, em Santa Maria-RS, em 27 de janeiro de 2013. 

Com essa tragédia, fomos cuidar dos prédios destinados ao entretenimento. Alguns estados brasileiros adotaram legislação mais rigorosa, como ocorreu em São Paulo. Outros, nem tanto.

Agora foi a vez do Museu Nacional do Rio de Janeiro. Tomara que a tragédia sirva para nos conscientizar de que é necessário investir na preservação de nossa memória histórica. No museu histórico é que guardamos amostras materiais que comprovam o que ocorreu no tempo. 

Dizem que é falta de verba. Veja a manchete do jornal espanhol El País, 4/9/2018: 


Orçamento para lavar carros de deputados é quase três vezes maior  que verba destinada a museu em 2018

O absurdo é que há brasileiros que estão se regozijando com o incêndio do museu, são as mesmas forças políticas que apoiam um candidato a presidente da República. Durante o nazismo na Alemanha, queimavam livros em praça pública.

Como escreveu o doutor em História, Carlos Eduardo Marotta Peters, que leciona nas faculdades em Araçatuba, na sua página no Facebook:

Quando pessoas se manifestam publicamente comemorando o incêndio que destruiu um patrimônio histórico e cultural de valor inestimável é porque nosso grau de obscurantismo estupidificante chegou ao máximo. 


Destruir o passado, por meio da ação violenta e supostamente bem intencionada, era o projeto dos futuristas do início do século XX. Não é por acaso que a estética futurista influenciou o fascismo. Agora só não identifica quem é fascista no Brasil quem não quer... 

De tragédia em tragédia, construímos a divina comédia humana.  

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