AGENDA CULTURAL

1.8.19

Pôs o mundo a seus pés


Quando a caixinha do livro da TAG - clube de livros chegou, pula dela com força brutal o livro "O sete maridos de Evelyn Hugo", de Taylor Jenkins Reid. Já pensei que fosse um romance best seller recente, leitura de madame, publicado em 2017. 

E era, pois a autora estreou na literatura em 2013 e já possui quatro livros publicados. Vendendo milhões de exemplares nos Estados Unidos. Fui lendo com desconfiança, mas ele foi me conquistando no decorrer da leitura. A autora tem talento na construção da narrativa.


RESUMO OFERECIDO PELA EDITORA
É a história de uma estrela de Hollywood, Evelyn Hugo, que sempre esteve sob os holofotes – seja estrelando uma produção vencedora do Oscar, protagonizando algum escândalo ou aparecendo com um novo marido... pela sétima vez. Agora, prestes a completar oitenta anos e reclusa em seu apartamento no Upper East Side, a famigerada atriz decide contar a própria história – ou sua "verdadeira história" –, mas com uma condição: que Monique Grant, jornalista iniciante e até então desconhecida, seja a entrevistadora. Ao embarcar nessa misteriosa empreitada, a jovem repórter começa a se dar conta de que nada é por acaso – e que suas trajetórias podem estar profunda e irreversivelmente conectadas. De autoria de Taylor Reid, este livro é publicação inédita no Brasil, feita pela Tag – Experiências Literárias em parceria com a Editora Paralela.

A personagem é complexa, construída em camadas (segundo E.M. Forster, redonda) tem grandeza psíquica, não se trata apenas de uma menina pobre, bonita que se torna estrela de Hollywood. O livro faz as mais sérias denúncias sem que as personagens percam sua autenticidade. Não se trata de fazer proselitismo político, mas pôr a vida como ela é, como escrevia Nélson Rodrigues.

Alguns temas abordados pelo livro no decorrer da história: mercado e arte, via cinema; LGBT (o mais forte), mas sem os jargões atuais; a hipocrisia do mundo glamouroso do Oscar; casamento como cortina de fumaça; como são tratados os latinos nos EUA. E outros.

Evelyn Hugo casava e descasava para manipular a mídia; como bissexual, quase todos os casamentos eram de aparência. Ou então deixava o atual casamento para que o último filme dela fosse sucesso. Não se trata de biografia, mas dizem que a ficção foi baseada na vida de Elisabeth Taylor.

Exceto o primeiro capítulo, os demais são nominados com os nomes dos sete maridos em ordem cronológica. Evelyn Hugo é o nome de uma cubana (sobrenome Diaz) que esqueceu o castelhano, se pintou de loira e trocou de sobrenome para não ser discriminada nos EUA, pois ela não queria pouco, pois sabia tirar proveito de sua beleza, principalmente de seus seios. Era esperta diante da realidade.

Morreu aos 80 anos, mas como ela quis, da forma que escolheu. Para praticar a eutanásia, montou o espetáculo, contratou uma jornalista para escrever a sua verdadeira biografia em 20 dias, para ser publicada postumamente,  e depois de muito recusar, topou conceder  uma entrevista para a revista Vivant. 

Depois desse auê, vestida da melhor forma para as fotos durante a entrevista, dispensou a todos, até deu viagem internacional para a sua secretária Grace. Morreu na hora marcada por ela. Ela pôs o mundo a seus pés.  Vale a pena queimar sua vista nas 411 páginas do livro.

MAIS RESENHAS ESCRITAS, CLIQUE AQUI
   
RESENHA ORAL


Nenhum comentário: