AGENDA CULTURAL

17.2.20

PT quarentão: 1980-2020

Fernando Haddad - professor universitário 
*Hélio Consolaro é professor, jornalista e escritor. Araçatuba-SP

Democracia não pode ser apenas o ato de votar. Todos os brasileiros são cidadãos durante 24 horas por dia, mesmo os omissos. O alheamento é uma posição política.

Pensando assim, considero que ninguém  e nenhum partido faz mudanças sozinhos. No Brasil, país dos acordos, a reforma agrária, por exemplo, só vai sair quando for consensual. A hora chegará. 

E também um grupo ou um partido não pode ficar sozinho ou por muito tempo no poder. Apodrece. A rotatividade é necessária.

Como intelectual pobretão, ou eu ia lamber as botas dos latifundiários em Araçatuba; ou então abraçaria a rebeldia. PCdoB naquela época pregava a luta armada e o partido único, ou seja, o stalinismo. 

Fui para o MDB na época do bipartidarismo (Arena e MDB) que era um guarda-chuva, abrigava a oposição de todos os naipes. 

Na época do pluripartidarismo, redemocratização, fui para o PT, pois lá se pregava o socialismo democrático. Ele era composto de três forças: exilados, sindicalistas e membros das Comunidades Eclesiais de Base. Mudar sim, mas com democracia. Isso foi em 1985, quando eu era vereador eleito pelo PMDB.   

Eu me afastei da política entre 1993-2008. Precisava estudar meus filhos e na política eu só gastava, optei, além do magistério, pelo jornalismo. E lá hibernei. Inclusive publicando livros. Em 2009, como petista histórico e ativista cultural, assumi a Secretaria Municipal da Cultura de Araçatuba, ficando até 2016. 

O PT no governo errou muito, mas consolidou a democracia brasileira. Até as Forças Armadas se tornaram mais democráticas. 

No lado esquerdo da política brasileira, não há quem opte pelo autoritarismo. Soubemos perder, reconhecemos todas as derrotas e não nos aproveitamos do poder para impor à força o aniquilamento dos adversários. Bem diferente do Sr. Aécio Neves que, em 2014, não reconheceu a derrota para Dilma Roussef. 

Não sou um entusiasta da militância política. Não anulei minha vida pela paixão partidária, na verdade sou cético, mas me orgulho nestes 40 anos do PT, dos quais 35 como filiado. E nessa condição, ter colaborado com o coletivo chamado Araçatuba. Parece demagogia, mas são meus sentimentos. 

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