AGENDA CULTURAL

29.6.20

Ministro da Educação: mais um mentiroso se juntando aos demais


Hélio Consolaro é professor, jornalista e escritor. Araçatuba-SP

Quando vi a imagem do novo ministro da Educação, Carlos Alberto Decotelli Silva, 
um afrodescendente, bonachão, tive boa impressão. Cansado de tantos tropeços do Governo Bolsonaro, confesso que torcia pelo negro com sobrenome de italiano.

Como diz a sabedoria popular: pau que  que nasce torto, morre torto; árvore ruim não dá frutos bons, não é que o homem é bichado. O Bolsonaro é fake news em pessoa, se elegeu em cima da mentiras, então, o seu castelo foi construído sobre a a areia, por lá só chega gente falsa.

Outro que também andou copiando e colando, foi o ministro Sérgio Moro. O homem de Curitiba não era um estranho no ninho, também foi desonesto: a aluna plagiou e ele assinou o texto como seu. 

Eis o que diz o senso comum:

 "A mentira no currículo é feita com a finalidade de supervalorizar uma habilidade na hora de pretender uma vaga. Em muitos casos, é mentira, e o candidato é desmascarado na entrevista." Mas quem fez a entrevista com o ministro da Educação foi outro mentiroso!!! Um mentiroso é solidário ao outro. Bolsonaro vai dizer:


- Decatelli, quero você no MEC, diplomas dependurados na parede não valem nada. Vai trabalhar, rapaz! Não seja um Paulo Freire na vida...
  
O ministro de Educação tem um currículo totalmente falso, sua mentira não resistiu a um dia às investigações da imprensa. Enquanto a pessoa não é uma autoridade, um ministro, por exemplo, essas pequenas mentiras não aparecem. Quando surgem, vira um escândalo restrito ao mundo universitário. 

O homem se tornou ministro, então as mentirinhas viraram mentiras cabeludas, escandalosas. Até a Argentina faturou sobre o Brasil. Era mais um mentiroso se juntando aos demais. Os iguais não ficam separados.

Como um mero graduado, nunca vejo com simpatia colecionadores de títulos acadêmicos. Alguns colecionam na horizontal; outros, na vertical. 

Antigamente, fazia-se um portfólio, hoje, está na moda a plataforma Cesar Lattes, nas nuvens, com chancela. Então, o currículo falso do ministro da Educação estava lá, com todo o status de currículo Lattes. Pelo menos, isso foi divulgado.  

Quem faz aquelas enormes relações de títulos e ostenta-as com orgulho, às vezes, aquilo é uma capivara digna de delegacia de polícia. Não vou generalizar, há muita gente boa, que segue essa carreira acadêmica com galhardia, tenho filho, irmãos e amigos, mas há uma turma bichada. O currículo do ministro da Educação é um retrato de como anda a parte podre  do mundo acadêmico. 

Atualmente, com a internet, o plágio é facilmente descoberto. Há uma dúvida se Gregório de Matos plagiou ou não um poema do espanhol Gongora, mas isso se demorou para descobrir naquela vagarosa época. O plágio foi tamanho que há uma tese de que o poema era na verdade uma tradução. Então, tal fato vem de há muito. 

Agora, com o doutor Google, nada fica encoberto. O ministro da Educação se esqueceu disso. Se a mentira tinha a perna curta, agora é curtíssima. Carlos Alberto Decotelli Silva é um bolsonarista genuíno, mente descaradamente. 

Você descobriu, caro leitor, porque bolsonaristas detestam Paulo Freire? Ainda não? Porque este nunca fez currículo falso.     

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