AGENDA CULTURAL

25.10.20

Chegou a vez do suplente



Hélio Consolaro é professor, jornalista e escritor. Araçatuba-SP 

A concha do prédio do Senado é voltada para baixo, em estado côncavo,  pois representa a vontade do Estado (poder público). O poder que vem de cima para baixo – os Senadores representam os Estados da Federação, por isso o número de senadores entre os estados é igual. Desde o pequeno Roraima até  o mais populoso São Paulo, todos têm três cada um. 

Já a Câmara dos Deputados representa a população, concha convexa, então, cada estado  tem quantidades diferentes de parlamentares conforme o número de habitantes.

Vamos escrever sobre o senador suplente. A figura dele na política no Brasil é uma enganação, porque o eleitor vota no senador sem dar muita atenção aos dois suplentes, o primeiro e o segundo, cujos nomes são divulgados de forma minúscula. 

Com a licença do senador Chico Rodrigues (DEM-RR), o sujeito do dinheiro na cueca, e o recente falecimento do senador Arolde Oliveira (PSD-RJ), os suplentes saíram da penumbra e apareceram no noticiário.

Arolde de Oliveira e Carlos Portinho

De forma torta, o suplente é o sujeito que paga a campanha eleitoral para o titular ou, então, é um membro da família, como se descobriu com a licença do senador Chico Rodrigues, ou seja, que seu filho era também suplente. Ambos com currículos cheios de corrupção. O senador perde seu salário por quatro meses, mas o seu filho vai recebê-lo. 

Já Arolde de Oliveira (PSD) parece que tinha uma relação mais transparente com o seu suplente Carlos Portinho. Ambos são empresários, sem grau de parentesco, mas o suplente herdou seis anos de mandato, já que o finado se elegera senador em 2018, depois de nove mandatos como deputado federal.   

Senador Chico Rodrigues e seu suplente, seu filho  Pedro Arthur Rodrigues

O suplente de senador mais famoso foi Fernando Henrique Cardoso. entrou na política institucional sendo suplente de Franco Montoro. Quando este se elegeu governador de São Paulo, em 1982, FHC tornou-se senador no lugar de Montoro. Nunca foi deputado. Chegou a ministro da Fazenda. 

Assim, caro leitor, na vida, procure ser o titular, porque o suplente vai depender da sorte e do grau do parentesco. O vice também já teve sua vez no Brasil, Sarney, Itamar. Ou então seja um dos filhos do presidente. A mobilidade social, brasileira, é monárquica. 

Um comentário:

Patrícia Bracale disse...

Somos herdeiros de nos mesmos...