AGENDA CULTURAL

2.1.21

Sai prefeito, entra prefeito ou fica o mesmo


Hélio Consolaro é professor, jornalista e escritor. Araçatuba-SPl

Muitos prefeitos, ou prefeitas, continuaram no cargo sem o vigor da novidade. Nesse caso, a posse é uma mera formalidade, ainda mais se o vice for o mesmo. Outros continuam, mas renovaram o vice. Há vice que assume funções nas prefeituras, não são meros estepes.

Na posse do reeleito, muitos ocupantes de cargos de confiança e comissionados ficam com o olhar comprido, esperando ser aproveitado no novo mandato. Nesse interregno, da reeleição até a posse, quando encontrava o senhor prefeito reeleito no corredor, diz com o peito estufado:

- Parabéns, prefeito, estamos aqui para construir a sua nova batalha! 

O indivíduo queria mesmo era garantir o emprego. Se o prefeito pegou Covid-19, e o interesseiro rezou muitos terços, celebrou cultos para que o chefe se recuperasse, com certeza, vai continuar com o seu cargo. Cada um garante a sobrevivência com as ferramentas que possui.

A campanha foi tão intensa que muitos pegaram Covid-19. O comandante do comitê eleitoral gritava nas reuniões. Evite, não marque bobeira, mas se pegar a doença e sobreviver, vai ser recompensado.

O balanço foi positivo.

No discurso de posse do prefeito reeleito, se falou de aprofundar os compromissos, administrar com mais experiência, alguns até falaram em quebrar paradigmas. Outros até choraram se lembrando das dificuldades da pandemia da Covid-19. Administrar é um sacrifício medonho, mas todos falaram que voltaram porque amam a cidade.

Não se reeleger é uma lástima, é voltar para casa, cuidar do jardim, porque não soube cuidar de sua cidade. Isso se a mulher ainda o estiver esperando. Na verdade, a não reeleição, certamente, dá uma sensação de incompetência. 

Voz geral nos comitê dos derrotados:

- Fomos traídos! 

Nem vou citar nomes para não deixar ninguém magoado.

O discurso mais pândego é do prefeito que entrou na vida pública pela primeira vez. Ele pensa que administrar o município é como gerir a sua empresa, fala besteira e toma atitudes desastrosas no primeiro ano de governo. Percebe o erro e volta atrás. Ou continua fazendo besteira e não se reelege.  

Tal rodízio de poder no comando é necessário, faz parte da democracia. Ainda bem que apenas 30% dos cargos de confiança não são funcionários de carreira, assim os 70% restantes é que ensinam os administradores que chegam.

Na segunda-feira, 04/01/2021, em municípios de prefeitos novos, os funcionários efetivos aguardam com certa ansiedade os novos mandatários. Os antigos nem se abalam, já passaram por isso por várias vezes. O chicote sempre é o mesmo. 

Nenhum comentário: