AGENDA CULTURAL

3.3.21

Inveja - Gervásio Antônio Consolaro

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O que provoca inveja não é o dinheiro, casa, o carro que você tem... Até mesmo porque, às vezes, o invejoso tem tudo isso e mais ainda que você. O que provoca inveja é o seu brilho, que ele não consegue apagar

       Trazemos neste artigo uma reflexão de um dos pecados capitais.  

       Quem nunca sentiu inveja provavelmente está mentindo. Àquela alegria inconfessável de ver o outro se dando mal. E não há pimenteira, figa ou reza forte que impeça a inveja de atacar, porque querer o que é do outro faz parte da natureza – de macacos a bebês.

       Quando sentimos aquela inveja que nos faz desejar os bens materiais, o status ou alguma qualidade, como a beleza, a inteligência, de outrem, a área ativada é a mesma responsável por processar as sensações de dor física ou emocional, segundo um estudo do Instituto Nacional de Ciência Radiológica, em Tóquio. Ou seja: invejar dói, de verdade.

       Quando o invejoso percebe que a outra pessoa tem um insucesso – fracassa no trabalho, briga com a mulher ou bate o carro, por exemplo, ele se sente recompensado por isso. E aqui não se fala de maneira figurada; a área ativada no cérebro quando ocorre o sentimento de inveja  é exatamente a mesma que processa sensações de prazer e alegria.

      “Esse sentimento depende de nossa percepção de quanto uma outra pessoa é bem-sucedida. E essa percepção depende dos traços de cada indivíduo, do que consideramos invejável”, afirma Márcia Chaves, chefe do Departamento de Neurologia do Hospital de Clínicas de Porto Alegre.

      Quer dizer; a grama do vizinho será tão mais verde que a sua quanto você enxergar. O gramado pode estar seco e com aspecto de assombrado, mas, para quem a invejar, será digno de final de copa do mundo. Mesmo se não houver grama. Isso porque, em maior ou menor intensidade, ninguém está livre da inveja. E isso não acontece porque somos pessoas más. “os estímulos do ambiente refletem no cérebro e essa atividade cerebral provoca a inveja. Há uma base neurológica constituída para isso”, afirma Dra. Márcia. E não é só isso: existe mesmo a inveja boa e a inveja má – não é mentira daquele seu vizinho que adorou seu carro novo.

       Por fim, a inveja não é tão ruim assim, pois morrer de inveja do colega mais bem-sucedido pode servir de combustível para te levar a galgar degraus no trabalho ou na escola. Você torceria o nariz para um currículo profissional que contivesse a inveja como uma habilidade.  Mas o fato é que o pecado pode ser um tremendo combustível para o desenvolvimento. Em outras palavras, invejar o sucesso alheio, em um ambiente competitivo, pode ser o que faltava para ampliar a produtividade. 


Gervásio Antônio Consolaro, ex- delegado regional tributário do estado/SP, agente fiscal de rendas aposentado. Administrador de empresas, contador, bacharel em Direito e pós-graduação em Direito Tributário. Curso de Gestão Pública Avançada pelo Amana Key e coach pela SBC.  

       

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