AGENDA CULTURAL

9.3.21

Os presídios de Lavínia: o outro lado da moeda

Hélio Consolaro é professor, jornalista e escritor. Araçatuba-SP

Escrevi uma crônica sobre os presídios em Mirandópolis-Lavínia: "Antigo fórum, inabitável; o novo foi construído errado" A motivação principal  para eu escrever o texto foi o julgamento de presidiários num salão paroquial porque a comarca de Mirandópolis não tem uma sede, não tem fórum.  

O velho prédio não oferece condições; o novo, foi construído errado, não oferece segurança. Essa falta de estrutura do fórum local é intolerável, uma comarca com seis presídios, estar tão desprovida de infraestrutura.

O governo do Estado de São Paulo deve respirar aliviado quando municípios se habilitam a sediar presídios, pois em Araçatuba, por exemplo, a Câmara Municipal de Araçatuba tem decisão de seu plenário para que o prefeito não aceite a construção de presídio no município. Assim fazem muitos municípios paulistas. 

Enquanto a população pede cadeia para os bandidos,  ninguém quer ter uma cadeia por perto. Assim, o governo estadual oferece vantagens para os municípios que aceitam sediar presídios. Para as outras cidades, Lavínia ter feito essa opção é uma dádiva.  

Imagine Lavínia com quatro presídios, quase triplicou a população: 2004 - tinha  4.974 habitantes; em 2020: 12.285. Com certeza, as pessoas consideradas como "lixos da sociedade" pelas "pessoas do bem" também desenvolveram a cidade, foram uma alternativa econômica.  

CDP é inaugurado em Lavínia — Foto: Reprodução/TV TEM

Preso tem família que consome e paga aluguel, presídio tem funcionários. A riqueza de um lugar não são as grandes fortunas, mas a legião de consumidores. Não dava para Lavínia optar por industrialização, nem para implantar universidades, pegou o que lhe foi possível.

Obrigado, Lavínia, pela coragem. A primeira decisão deve ter sido difícil, mas o município tem importante papel na região e no estado.

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