AGENDA CULTURAL

10.3.21

O significado do trabalho - Gervásio Antônio Consolaro

 


       “Os dois dias mais importantes em sua vida são o dia em que nasceu e aquele em que  descobriu o porquê, já dizia Mark Twain, escritor e pensador americano do século 19.

       Vivemos em tempos quem exigem de nós um entendimento, cada vez maior, de por que fazemos as escolhas que fazemos. É normal, por exemplo, a gente não se contentar mais apenas com o retorno material que o trabalho nos proporciona. Ele precisa ser mais do que isso: é necessário trazer uma realização pessoal e, sobretudo, uma vida com mais propósito – naquilo que buscamos para alcançar uma satisfação como seres humanos. Ou seja, queremos algo que esteja amplamente conectado com nossos valores e com a possibilidade de reconhecimento, quer no ambiente corporativo, quer nas relações pessoais.

       O filósofo e educador brasileiro Mário Cortella traz uma dupla definição oportuna do termo “realização” que nos ajuda a entender a dinâmica de trabalho e vida pessoal. Do latim, entendemos realização como “tornar real”, ou seja, compreender nossa existência a partir do que fazemos, da marca que deixamos, da marca que deixamos no mundo. Já do inglês (to realise) temos uma interpretação relacionada à consciência, ao “dar-se conta de algo”. Vivemos a era da consciência, do propósito, em que, mais do que habilidades e conhecimentos técnicos, o mercado de trabalho busca nos profissionais inteligência emocional. E isso se expressa em criatividade, em empatia e na capacidade de dar sentido e significado a produtos e serviços. Essa é a tônica dos tempos atuais, não só na esfera profissional, mas na vida que levamos todos os dias.

      Como dizia o filósofo alemão Friedrich Nietzsche “Aqueles que sabem o ‘porquê’ da sua existência podem suportar qualquer ‘como’ para realizá-lo”. Também, não menos importante, o psiquiatra austríaco Viktor Frankl disse  ”O que realmente importa não é o que nós esperamos da vida, mas antes o que ela espera de nós”.

      Muitas vezes, precisamos apenas experimentar, fazer sem saber se aquilo fará sentido, abrir espaço para o desconhecido agir. Isso, sim, pode nos indicar o caminho da realização. Afinal de contas, a vida é feita de planos e circunstâncias externas.

      O importante é observar quais os sentimentos que brotam dentro da gente quando nos colocamos neste tipo de situação inesperada.

       Por fim, uma sugestão: nunca deixar de perguntar: “Por que estou fazendo isso ou aquilo?”. Isto é estar consciente dos seus atos, estar presente no mundo e fazendo valer essa breve existência. 


Gervásio Antônio Consolaro, ex- delegado regional tributário do estado/SP, agente fiscal de rendas aposentado. Administrador de empresas, contador, bacharel em Direito e pós-graduação em Direito Tributário. Curso de Gestão Pública Avançada pelo Amana Key e coach pela SBC.    

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