AGENDA CULTURAL

9.3.24

Só nas casas! E nas ruas? - Alberto Consolaro

Imagens comuns de calçadas, sarjetas e asfalto nas ruas das cidades e com potenciais criadouros do mosquito da dengue!

Vamos com calma, liguei a câmara do celular. Estou focando no pavimento asfáltico e nas sarjetas das ruas e avenidas. É muito buraco, buracões e buraquinhos, e em cada um pode ficar muitos ovos do mosquito da dengue por um ano, e qualquer chuva volta a formar a poça e soltar as larvas.

São remendos e serviços malfeitos, também pelo desgaste do tempo, com margens cheios de fissuras e áreas quebradas. São sarjetas que ficam com poças de água parada por semanas. E os bueiros que vivem molhados com sarjetas cheias de água parada e limpa? Não vejo nenhum agente de saúde verificar se tem larvas nestes locais nas reportagens. Será que resolveria jogar areia nestes locais para não acumular água ou seria preciso reparos mais definitivos?

E a câmera continua ligada, e agora, filmando as calçadas que revelam a mesma coisa, muitos buracos, buracões, buraquinhos e contendo água limpa empoçada por horas, dias, meses e até anos. Se secar, os ovos podem ficar ali e conseguem reviver até por um ano. Nova chuva volta a formar e os ovos se arrebentam em larvas e mosquitos da dengue como fogos de artificio de um ano novo.

Todos ficam focados nos quintais, mas o problema pode estar nas ruas, calçadas e sarjetas, sem contar os bancos, muretas, aparelhos de ginástica, brinquedos, vasos, jardins, mercados, estátuas, monumentos e outros detalhes de qualquer logradouro público, como estádios, escolas, passarelas, fontes, estacionamentos etc.

E MAIS ...

A câmera ligada está focando nas garrafas viradas para não deixar água acumulada, mas onde estão as tampinhas destas garrafas. Cada tampa representa uma piscina ideal para crescimento das larvas do mosquito. Respondam por gentileza, onde estão estas tampinhas, cheias ou vazias?

As ruas e calçadas ficam dias, semanas e meses as sujeiras com embalagens, plásticos de bombons e muitos recipientes que acumulam água como as tampinhas. E ninguém limpa! Nos terrenos baldios também, ninguém faz reportagem sobre agentes de saúde e fiscais multando os que ficam cheios de buracos, buraquinhos, embalagem, plantas, pedras etc.

Por acaso alguém já reparou nos buraquinhos, buracões e buracos que tem nos postes da rede pública? E nos transformadores? Já repararam nas tampas dos esgotos nas ruas como são irregulares estas tampas e as margens que as rodeiam; com certeza tem criadouros por ali. E nas caixas e suas tampas das instalações de telefone, caixas de parte elétrica e hidráulica que povoam nossas calçadas e ruas?

Chega! Meu celular está carregado de tantas fotos documentando tudo isto e já me avisou que o sistema está sobrecarregado, e olha que só dei uma volta no quarteirão de casa. Imagine a cidade inteira! Tente fotografar os possíveis criadores das calçadas, sarjetas e pavimentos no quarteirão de sua casa: é de ficar assustado! As calçadas, guias e pavimentos das ruas são quase sempre lamentáveis.

REFLEXÃO FINAL

1. Tenta se passar a impressão de que o problemas da dengue são as casas e seus habitantes, mas a culpa deve ser metade/metade pela existência de criadores do mosquito da dengue, zika, chicungunha e outras doenças que precisam de vetores, nos logradouros públicos como ruas, praças, parques e prédios comerciais.

2. O mosquito da dengue não é bom de voo como um pernilongo. Será que ele entra nas casas pelos vizinhos ou pela frente da casa nas ruas? Onde as pessoas são mais picadas por ele: nas ruas e locais públicos ou nas suas casas?

3. Os locais públicos podem ser muito mais ricos em criadouros do que imaginamos. Se aguçássemos nosso senso de observação nos potenciais criadouros de mosquitos de logradouros públicos, teríamos um melhor controle da epidemia?

Reflitamos e cobremos!    

Alberto Consolaro 

Professor Titular da USP  
FOB de Bauru 

consolaro@uol.com.br   


Nenhum comentário: