AGENDA CULTURAL

30.9.06

Cafetão de avestruz

Hélio Consolaro

O boteco Bate Forte esteve repleto de barrigudinhos nesta sexta-feira, Dia Nacional da Cerveja, com Faca Amolada e Caneta Louca, esbaforidos, atendendo aos pedidos que vinham aos gritos:

- Uma porção de avestruz à passarinho, por favor! – gritaram.

Todos ficaram curiosos. Avestruz à passarinho no Bate Forte. Prato tão caro.

- É gentileza aí do nosso candidato.

Subversivo ficou indignado:

- O senhor não tem vergonha de ser cafetão de avestruz? Quem é o candidato, afinal, a avestruz ou o senhor?

Criou-se um mal-estar. Burguês socorreu o candidato, tirando-o daquela situação constrangedora e disse:

- Não liga, não! O Subversivo é assim mesmo, além de ser radical, toma umas bravas e fica sem-educação...

E cada barrigudinho experimentou, pelo menos uma vez na vida, um pedacinho de carne de avestruz. Em tempo de eleição, o povo passa bem...

Seu Sugiro, na churrasqueira, percebeu que era dia de prejuízo, com avestruz de graça, ninguém ia pedir espetinhos de filé miau.

Dona Assunta, como gerente da cozinha, não gostou. Ia vender pouco. Amelinha, na caixa, mais anotava do que recebia.

Miltão e Dona Moranga estavam ausentes, mas Magrão tinha uma história do casal para contar.

Miltão havia sido multado por alcoolismo e desacato à autoridade, estava dirigindo bêbado.

Como foi, como não foi. Magrão contou:
- O policial viu o Miltão dirigindo, agarradinho à Dona Moranga, não acreditou, parou os dois e foi perguntando se ele estava bêbado.

E continuou Magrão, com todos atentos ao desfecho da história:

- Miltão, então, explicou, justificou, pediu bafômetro, e o guarda chamou ele de lado e cochichou que não acreditava que ele, um sujeito bem apessoado, estivesse andando com uma piranha tão feia. Só podia estar bêbado.

Todos os barrigudinhos riram. Coitado do Miltão. E Magrão continuou:

- Mais uma multa. A segunda, por desacato à autoridade. Miltão só não xingou o policial de santo. Quase foi preso.

Nisso, Faca Amolada gritou:
- Rodada por conta da casa!

Todos estranharam. Não havia tido sururu algum. Que grito de paz fora de hora! Magrão explicou ao dono do bar:

- O sururu não foi aqui no boteco, foi na rodovia, no posto policial!

Todos riram. Pelo sim, pelo não, encheram seus copos alegremente.

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