15.10.06
O gaúcho e o anão
Hélio Consolaro
As situações engraçadas acontecem. De repente, está ela a provocar risos ou choro.
Em Bento Gonçalves, não me atrevi a falar de gaúcho, pois tenho amor em minhas próteses dentárias, mas quem mora naquela cidade e não é gaúcho de nascimento, logo se explica, como fez o Edgar, guia turístico:
- Não sou gaúcho!
No shopping da cidade, este croniqueiro e mais um magote de gente esperava o elevador no primeiro andar. E ele não vinha. Todos apertavam e reapertavam o botão, mas nada! E espera, espera! Será que há muita gente lá embaixo, o elevador deve vir lotado. Todos à espera.
Quando a porta se abriu, surpresa. Apenas um anão sai do elevador. Como forasteiro, aproveitei para zoar com ele:
- Eis um grande homem!
O carinha olhou feio pra mim. Seria muito constrangedor apanhar de um baixinho, mas desistiu, avaliou e percebeu que não agüentaria um sopapo do Consa.
Contei isso no hotel aos amigos. Uma hóspeda me disse:
- Devia ser o único gaúcho macho!
Mulher quando dá de ser irônica, vira uma cobra venenosa.
Com esse fato, me lembrei de uma piada contada por Juca Chaves. Num fandango, chegou um gaúcho com seu corpanzil, carregava duas facas na cintura.
Deu um tiro pra cima e gritou:
- Pare com essa merda!
E continuou:
- Aqui todo mundo é veado!
Foi um corre-corre danado. Mulheres choravam, homens se escondiam debaixo das mesas. Banheiros superlotados. Caganeira geral.
Até que saiu um corajoso debaixo da mesa para enfrentar o tirano. Um anãozinho com panca de caubói. E foi logo perguntando:
- Por acaso, o senhor é filho de Dona Emerenciana?
O gaúcho grandalhão até sorriu, se lembrando de sua saudosa mãezinha, mas logo retomou a carranca e foi perguntando:
- Sou sim. Por quê?
O anãozinho fez pausa, palitou os dentes e respondeu:
- Comi muito a senhora sua mãe!
Nem preciso contar-lhe, caro leitor, o que houve no fandango. O gauchão vestiu uma máscara de alegria, misturada com ternura e disse com voz de criança:
- Olá! Papai! Há muito tempo estou procurando por ti!
E os dois saíram caminhando, numa conversa animadíssima.
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