Hélio Consolaro
Há alguns dias, caro leitor, estacionei o meu Corsinha numa rua residencial de Araçatuba. Desci e nem vi que uma das rodas da frente havia caído num buraco extenso e profundo, cheio de água, bem rente ao meio fio. A roda chegou a ficar suspensa, girando em falso.
Na volta, ao dar a partida no carro, percebi que a determinada roda só patinava, não saía do lugar. Como bom italiano, xinguei Raimundo e todo mundo. Depois de meia hora de labuta, o vizinho, dono de uma camionete, providenciou uma corda e arrastou meu carro por trás, tirando-o do buraco fedorento.
Por minha boca maldita, aquele buraco pertenceu a todas as autoridades: buraco do Maluly, buraco do Dunga.
Como bons cristãos, herdeiros do judaísmo, não queremos resolver problemas, mas achar culpados. Numa hora de raiva, a primeira pergunta:
- Quem foi o fdp que fez isso?
Como a vitória do Lula ainda era recentíssima, questão de dias, o cara que morava na frente de onde o meu Corsinha ficou atolado, logo gritou:
- Esse buraco é culpa daquele barbudo que não sabia de nada!
Essa besteira dita em voz alta pelo vizinho me fez cair a ficha. Justamente eu, que fui vereador, que entendia um pouco de administração pública não podia cair na esparrela da pichação fácil.
Então, retifiquei:
- O culpado mesmo é o cara que joga essa água lá em cima, por cima do asfalto, como se fosse um rego constante... O pior inimigo do calçamento é água sobre ele.
O antilulista não gostou de minha resposta, mas essa era a hipótese mais aceitável. Há muita coisa em que a população podia ajudar, colaborar, mas se nega, ou melhor, destrói. Muitas pessoas são bem piores que as próprias autoridades que são pichadas por elas.
Quem joga água sobre o asfalto 24 horas por dia não colabora com a cidadania, com a comunidade e nem com as pessoas. É mesmo um fdp!
Ser cidadão não é só reivindicar, ser um chato, ficar com o dedo em riste apontando culpados. Ser cidadão é também colaborar com o bem comum. Se não ajuda, pelo menos não atrapalha.
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