Hélio Consolaro
Já descobri que os cientistas são mesmo seres sem graça. Para tudo, eles têm explicações, na roça deles não há canteiros da poesia, nem vasos da filosofia. A tradição religiosa, então, fica sem água. Já destruíram até o romantismo da Lua! Chatos...
Veja a notícia, caro leitor, a nova tentativa. Cientistas explicam saída do corpo e tiram toda a graça do fenômeno. Aquilo que espíritas perdiam até o fôlego para explicar, parecia algo místico, os cientistas tentam explicar e fica até chato...
A sensação de saída do corpo, freqüentemente descrita durante experiências de morte iminente, é provocada por "perturbações de um processo complexo de coordenação, que podem atualmente ser localizado no cérebro", revelaram cientistas suíços.
Os neurologistas Olaf Blanke e Margitta Seeck fizeram a descoberta durante a localização por estímulos elétricos de áreas chave do cérebro a fim de identificar certas partes do córtex responsáveis por formas severas de epilepsia. Eles são pesquisadores do Departamento de Neurociências Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de Genebra (UNIGE) e do Instituto de Neurociências da Escola Politécnica Federal de Lausanne (EPFL).
Daqui a pouco vão descobrir que céu e inferno fazem parte de nosso cérebro... E que os chifres têm razões psicológicas. Põem-se as aspas na cabeça e não tiramos mais. Também vão dizer por aí que exploramos planetas, mas o cérebro continua inexplorável pelos cientistas.
"Neste momento, o cérebro gera uma imagem do corpo, mas esta imagem é deslocada, como que projetada sobre o corpo, à frente ou atrás dele", descreveram os cientistas nesta semana.
Não estou dizendo! Para cientistas, paixão é cio, romantismo é doença... Mas, pensando bem, não posso ser tão contra eles assim. Afinal, a ciência salvou a vida de muita gente. As pessoas vão ao curador, mas não deixam de ir também ao médico. O povo sabe articular muito bem fé e ciência.
Já tomei uma decisão, caro leitor, aceito a ciência, mas também gosto da arte, adoro filosofia e sou um sujeito místico. Se não consigo rezar o terço, procuro a física quântica.
Só não é possível caminhar na estrada da vida com animação, se eu souber que no final dela vou bater com a cara no muro, um beco sem saída... Não é mesmo! Essa esperança da transcendência ou mesmo da imanência é necessária, dá sabor à vida. “Em que crêem os que em nada crêem?” – já perguntava o ex-arcebispo de Milão.
Então, bebo de várias fontes, mato a minha sede e me construo e me reconstruo. Nado neste mar de ilusões que é a vida. Ela só não pode ser um vale de lágrimas...
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