AGENDA CULTURAL

17.11.06

Vai terminar em pizza

Hélio Consolaro

A coisa está preta por aqui, caro leitor. Não sei se notou as coincidências. O prefeito de Araçatuba Maluly Neto (PFL) deu entrevista noutro dia, 28/10, a esta Folha e o título foi “Não sou ladrão!”.

Trata-se daquele caso do Banco Interior que quebrou, sofreu intervenção do Banco Central, e como prefeitura e DAEA tinham R$ 1,3 milhão de saldo nele, rodaram. Não viram a cor do dinheiro até hoje.

O erro do prefeito foi depositar dinheiro público numa instituição bancária particular. Uma lei que tem ainda o ranço do estatismo. Embora a oposição tenha caído de pau em cima, falado gatos e sapatos, o Maluly Neto se reelegeu em 2004.

De lá pra cá, a boataria correu solta:

- Prefeito não assume!

- Vai ter outra eleição!

- A vice vai assumir!

-Não passa desta semana!

Já ouvi todas essas frases, caro leitor. Não sei se manifestam apenas desejos ou tem a ver com os solavancos do navio em alto mar.

Quarta-feira, foi a vez do empresário Amauri Roland Vieira, ex-homem forte da Expô, a ser entrevistado por esta Folha também. E ele parodiou o prefeito com o título: “Eu não sou bandido!”, acusado de reter a arrecadação da Expô 2005.

Agora, o Amauri está bravo porque o Tribunal Regional Federal da 3ª Região (São Paulo) considerou, por unanimidade, ilegal a prisão dele. E aí fica a pergunta: quem vai tirar o mau cheiro que ficou? Jogaram tanta bosta na Geni...

O prefeito não foi preso, mas o Amauri foi detido pela Polícia Federal em grande estilo, bem na época da Expô acontecendo. Como se a PF quisesse dizer: “Conosco não tem enrosco. Quem tem juízo obedece”.

Tive poucos contatos com o Amauri, apenas em 2004, com o Barracão Cultural na Expô. Como presidente da Academia Araçatubense de Letras, eu mais pedia do que dava. Ele cumpriu tudo que foi tratado, com apoio do Sindicato Rural da Alta Noroeste – Siran.

Confesso, caro leitor, que ando assim meio desconfiado do denuncismo barato. Está havendo muita fumaça para pouco fogo. A própria esquerda criou isso no Brasil durante a ditadura militar, e agora no poder está sendo vítima de sua própria criatura.

Esse tal de dossiê Vedoin, por exemplo, tive acesso às fotos de José Serra entregando ambulâncias superfaturadas em agosto. Elas estiveram expostas no blog do jornalista Fernando Rodrigues, da Folha de São Paulo. Como o que era público foi vendido como informação secreta?

Então, caro leitor. Se Maluy Neto gritou que não é ladrão, foi reeleito; o presidente Lula declarou que nada sabia e foi reeleito por maioria esmagadora, o Amauri pode ficar sossegado. Tudo vai terminar em pizza!

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