Trabalhadores participam da festa de 1º de maio promovida pelo DIP (Departamento de Imprensa e Propaganda) no Estádio do Pacaembu, em São Paulo (1944).
Hélio ConsolaroNa terça-feira, comemora-se o 1.º de Maio. Afinal, homenageia-se quem? O trabalho ou o trabalhador? Há uma tradição entre nós de homenagear a figura do profissional: Dia do Médico, Dia do Professor, portanto é indiscutível que devia ser Dia do Trabalhador, ou seja, o operário em geral.
Como naquele 1.º de maio de 1886 houve um conflito de classe em Chicago, os segmentos mais conservadores tentam descaracterizar a data até hoje, dizendo que é Dia do Trabalho, porque todos trabalham, assim mascara-se o conflito de classe.
Cada palavra tem a sua carga ideológica. “Operário” é uma palavra antiga, parece coisa de comunista; trabalhador, de petista; empregado, como em “os meus empregados”, linguagem de patrão. E há patrões que suavizam a relação capital e trabalho chamando seus operários de colaboradores.
Na verdade, quando os sindicatos eram mais fortes e o marxismo estava mais em moda, no 1.º de Maio eram feitas grandes manifestações operárias, quando as lutas da classe trabalhadora eram expostas.
Há muito tempo no Brasil, apesar de ter um ex-operário na presidência, a data virou feriadão, quando há shows, sorteios e campeonatos, tornando-se mais uma festa de confraternização do que de luta operária. Até o prêmio de “Operário Padrão” desapareceu.
Naquele 1.º de maio, nos Estados Unidos, 200 mil trabalhadores, organizados pela Federação dos Trabalhadores dos Estados Unidos e do Canadá, resolveram entrar em greve na cidade de Chicago por diminuição da jornada de trabalho. A polícia travou violento choque com os grevistas, causando a morte de muitos deles e prendendo oito de seus principais líderes.
No Brasil, com Getúlio Vargas, que governou o Brasil como chefe revolucionário e ditador por 15 anos e depois como presidente eleito, o 1º de maio ganhou status de “dia oficial”. Era nessa data que o governante anunciava as principais leis e iniciativas que atendiam às reivindicações dos trabalhadores, como a instituição e, depois, o reajuste anual do salário mínimo. Vargas criou o Ministério do Trabalho, promoveu uma política de atrelamento dos sindicatos ao Estado, regulamentou o trabalho da mulher e do menor, promulgou a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), garantindo o direito a férias e aposentadoria.
Independente de questões ideológicas, Dia do Trabalhador é a nomenclatura mais condizente com nossa tradição, pois temos o costume de homenagear as pessoas, cada profissional tem o seu dia.
Um comentário:
Deveria ser um dia de luto e silêncio; Mas, já é dia festivo e de muito barulho. Coisas do operariado burguês?
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