Hélio Consolaro
Era manhã. Eu estava de carro, ela passou de moto, me podou na av. Waldemar Alves, toda fagueira, respirando o ar da manhã, e deixava um quê de carícia no ar, sabendo aonde queria chegar. Mal sabia que era perquirida pelo olhar de um croniqueiro.
Não sei seu nome, quem era, pois estava de capacete, uma espécie de burca imposta pela realidade urbana, mas vestia jeans e uma blusa de malha colada ao corpo. A roupa e a moto ressaltavam-lhe as curvas. Era uma deusa.
Se algum homem dissesse, como provocação, tendo a esposa do lado:
- Que moto linda!
Levaria um beliscão.
Não sei também, se estivesse com o rosto descoberto, se a conheceria, porque essas garotas são mil, anônimas. Moçoilas que andam pelas ruas da cidade, sozinhas, sem pai, namorado ou marido. Guerreiras.
Não submetem seus planos à autorização de alguém, solicitam apenas sugestões e críticas. E também não debutam aos 15 anos, apenas procuram trabalho.
Descobriram a liberdade e acreditam na vida, não perderam a esperança, vendem o corpo como força de trabalho, não o sexo, mas também não fazem dele um tabu. Depende, se pintar um clima...
Enfrentam o mundo com um olhar feminino, com decisões firmes, sem perder a ternura.
Comportamento que contagia a todos, que faz o ambiente ficar menos severo e mais suave. Não são flores colhidas, no vaso, sem perspectiva; são flores no jardim, formando canteiros; algumas, silvestres e venenosas.
Talvez tivesse namorado ou já fosse mãe; com certeza, tinha planos para o futuro, por isso à noite paga a faculdade, que é particular. Acredita na hierarquia e quer ascendê-la. É uma guerreira, é o perfil da mulher araçatubense.
Se for casada, filhos na creche. A casa não é o seu cativeiro, apenas um ponto de reencontro da família que, às vezes, prescinde de marido.
Nela vi minhas leitoras, colegas de trabalho, filha, sobrinhas e alunas. A moça da moto era a síntese de todas elas na velocidade de seu veículo, na pressa de querer chegar. Seria injusto e duro interromper aquela trajetória firme, segura, carregada de certezas.
Naquela hora, com aquela pressa, a moça da moto devia ter obrigações. Como a distância entre nós era pouca (menos na idade), a vi guardar o veículo e adentrar esbaforida a loja. Certamente, daí a minutos, estaria recebendo o primeiro cliente:
- Como posso servi-lo?
E assim, a cidade acordava, bem feminina, começava a se mexer para mais um dia.
6 comentários:
olha só, eu lembro dessa crônica, li e não esqueci, minha memória contnia seletiva...
A força da mulher sempre moveu o mundo.
É a mocidade atual. Só não"toca moderninho o violão" e diz "que amor é coisa que não quer". E o futuro, nem é bom conjeturar.
Temos a juventude mais livre, com mais acesso à informação,que não soube ainda equacionar tantos avanços para a correta forma de alcançar a felicidade.
Gostei muito Hélião. Nao a conhecia, se é que nao é nova. Naõ merefiro amoça e sim acrônica kkkk
abçs DeDêCamillo@gmail.com
Ho xará...
Lua que menstrua...rsrsrs...,um dia já comentei com vc. eu sou .o sol e ela é a lua...de vez em quando dá um eclipse...Aconteceu um belo dia uma colega...lógico...a pele, deu limo é o diabo...Falei vamos, hj... e ela falou ...não dá estou naquele dia...mas vamos mesmo assim...ela topou... As vezes na vida não é so sexo...a amizade permance eterna...deixei prá outro dia...Paciente...Compreensivo e Prudente...Fazê o quê,,,
Abçs..Ninha
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