AGENDA CULTURAL

2.9.07

O croniqueiro se explica

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Hélio Consolaro

As pessoas se acostumam com o jeito das outras, quando alguém muda, resolve dar uma guinada, todas dizem:

- Que aconteceu?

Sair do ritmo e da mesmice exige explicações:

- Por que você fez isso?

Assim aconteceu com esta coluna, edição de domingo passado: “Todos os pitibuis deviam sumir”, quando reproduzi uma conversa pelo MSN entre duas pessoas. Uma contava à outra o caso da agressão de um cachorro da raça pitibul a outro canino da raça xauxau. Foi um meio de denunciar os donos desses cachorros violentos, sem ser tão pitibul com eles.

As pessoas mais afastadas da Internet tiverem dificuldade de entender o texto, talvez pensaram: “O Consa endoideceu mesmo”, pois não sabem como tais diálogos ocorrem e que as pessoas, às vezes, escrevem uma frase na janela onde insere a fala, mostrando a sua indignação momentânea, logo abaixo de seu nome. “Todos os pitibuis deviam sumir” era a frase de revolta de um dos internautas da crônica.

Outra coisa que estranharam na crônica foi o aportuguesamento dos nomes das raças caninas, porque nós estamos tão acostumados visualmente ao estrangeirismo. Elegemos a nossa língua pátria como subidioma.

Este croniqueiro, de vez em quando, sacode seus leitores, surpreendendo-os, porque crônica é um gênero indefinível, basta chamar um texto de crônica para sê-lo.

Às vezes, algum político me diz que sou unilateral, porque não ouço o outro lado, como se crônica fosse jornalismo ou tivesse algum compromisso com a verdade factual. Ela é uma interpretação da realidade sob os olhos de quem a escreve. E eles ficam boquiabertos quando digo que não me
O jornal O Globo, edição de 23 de julho, apresentou uma reportagem-resenha sobre o lançamento do livro “As cem melhores crônicas brasileiras”, organizado pelo cronista Joaquim Pereira dos Santos, editora Objetiva, que revelou muita coisa boa a respeito do gênero, ouvindo cronistas da atualidade.

A crônica, como está hoje, toda informal, poética, literária, nasceu em Copacabana, junto com o movimento Bossa Nova, com Paulo Mendes Campos, Fernando Sabino, Carlos Drummond de Andrade, Rubem Braga, Nélson Rodrigues., Sérgio Porto.

O cronista é um sujeito anormal, meio doido. Como disse o cronista Antônio Prata, autor do livro “Bar ruim é lindo, bicho”! na mesma reportagem de O Globo: “Sabe aquela criança que as tias achavam meio boba, de boca aberta, olhando o vazio. Virou cronista.” Achei fantástica tal sacada, porque o Consa era uma criança assim. E continua...

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