AGENDA CULTURAL

26.10.08

Prata não chega a ouro


Hélio Consolaro


Não sei, caro leitor, se devia escrever tais linhas. Um xavequeiro falar mal de outro xavequeiro não pega bem, mas os tocadores de moda de viola vivem se digladiando entre si em suas obras, porque me conterei diante de um fato que não gostei. Tentarei ser o mais leve possível.

O cronista Mário Prata esteve em Guararapes (de manhã) e Penápolis (à noite) na última quarta-feira, pulou Araçatuba, porque a biblioteca Rubens do Amaral não faz parte do projeto “Viagem Literária” da Secretaria da Cultura do Estado.

Assim, este croniqueiro arrebanhou dois amigos, Heitor Gomes e José Hamilton Brito Costa, mais a Japa, e partimos para a terra de Maria Chica, que ontem completou 100 anos. A biblioteca pública municipal Prof. Fausto Ribeiro de Barros, na Sala Cora Coralina. Uma noite de muito calor numa sala sem ar-condicionado. Ufa!

O prefeito João Luís dos Santos (PT), reeleito, precisa climatizar as dependências da biblioteca. Afinal, ele é um mestre na área de letras. Não custa nada puxar um pouco a brasa para a nossa sardinha. Os alunos e professores, usuários, iriam agradecê-lo.

Mário Prata é jornalista, escritor e autor de teatro e novelas. Cronista do jornal O Estado de São Paulo, autor das novelas Estúpido Cupido, Sem Lenço - Sem Documento, Um Sonho a Mais e Bang Bang, além dos livros Schifaizfavoire - Dicionário de Português, Minhas Mulheres e Meus Homens, Os Anjos do Badaró. Este é o primeiro romance brasileiro escrito on-line, com a participação dos leitores.

Mineiro, Mário Prata passou a infância e juventude em Lins-SP. Desde os 14 anos, ele colaborou com a Gazeta de Lins, onde foi colunista social, redator e editor. Aos 20 anos, foi trabalhar numa agência do Banco do Brasil em São Paulo. Enquanto estava no banco, cursou economia na USP. Em 1969, escreveu o primeiro livro "O morto que morreu de rir".

Feita as apresentações, Mário Prata é um mala, apesar de ser palmeirense. Fumante inveterado: parou a palestra para fumar. Fala em dinheiro a toda hora e faz questão de dizer que vive nababescamente. Estava diante de leitores como a dizer: “Estou aqui, por favor, quem quiser me apalpar, podem fazê-lo”. E disse claramente:

- Se não fosse escritor, seria agora presidente do Banco Central.

O rapaz é muito modesto. A platéia começou a esvaziar-se. Heitor Gomes resolveu ir à frente, fazer-lhe perguntas. Eu e o Hamilton ficamos tensos. Pronto! O Poeta das Multidões vai declamar para o Mário Prata, mas não chegou a tanto para o nosso alívio. Este croniqueiro suava de molhar a camisa.

No final, encontrei a jornalista penapolense Amanda Reis. E ela foi contundente no comentário a este croniqueiro:

- Com esse esnobismo, o Prata não chega a ouro nunca!

Ela foi divina.

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