Hélio Consolaro
O boteco Bate Forte estava repleto de barrigudinhos nesta sexta-feira, Dia Nacional da Cerveja. Faca Amolada e Caneta Louca corriam aquele chão de bar, esbaforidos. Os pedidos vinham aos gritos:
- Uma cerva bem gelada, do barranco!
- Uma porção de batata fritas, no capricho!
O primeiro gole era sempre do santo, o Onofre, que lá de seu nicho, acima dos homens, observava a lida humana para se livrar do estresse.
Seu Sugiro gritava da calçada:
- Sugiro espetinhos de filé miau, bom, né!
Dona Assunta administrava a cozinha. Amelinha cuidava do caixa. Muita marcação, apesar da placa: “Fiado, só amanhã!”
Magrão quis saber se o gato era de raça. Sugiro deu de desentendido:
- Gado nelore! Raça bom!
- Você acha que Seu Sugiro vai matar gato siamês? – perguntou Bicho Grilo.
Todos riram. Chegou o Sr. Lamentáveis, septuagenário que ainda vira o copo. Ele trazia no ouvido um negócio esquisito.
Até que Subversivo chegou nele e disse bem baixinho:
- Você pôs o supositório no ouvido!
Ele não entendeu. Subversivo grito mais alto, mais alto.
Até que todos se interessaram pelo problema e gritavam em coro:
- Você pôs o supositório no ouvido!
Quando o Sr. Lamentáveis entendeu. Correu ao banheiro, dizendo:
- Nossa! Onde enfiei meu aparelho de surdez!
O Bate Forte veio abaixo! Que situação!
Miltão estava depressivo. Dona Moranga resmungava. Demitido pela prefeita que ajudou eleger, como vice, mas que herdou o trono e despachou os ocupantes de cargo de confiança.
- E agora Miltão? – perguntou Burguês!
- Pois é. Sempre trabalhei com política. Agora, nem meu candidato se elegeu. Acabou! Desempregado. Que injustiça!
Dona Moranga chorava nos cantos. Houve um clima de consternação no Bate Forte. Até que Subversivo gritou bem forte:
- Vai trabalhar, vagabundo. O caderno de Classificados da Folha da Região está cheio de anúncios!
Nem preciso dizer, caro leitor, que o tempo fechou. Pescoções foram democraticamente distribuídos, cadeiras criaram asas. Em meio à confusão, Faca Amolada gritou:
- Rodada por conta da casa! Não agüento mais isso!
Aquilo que parecia realidade, virou um teatro, pois só houve a ordem do diretor para que todos mudassem o comportamento. Repentinamente, silenciosos, puseram-se a pôr em ordem o boteco.
E os pensamentos nadavam em copos cheios de cerveja. Às escondidas, Caneta Louca fazia suas peripécias nas comandas.
Um comentário:
e eu pensando que era o bambam na propaganda médica...se eu tivesse visto esta ai do xarope, teria coberto todas as minhas cotas de vendas
Postar um comentário