Participar de concursos literários

Hélio Consolaro

Ser reconhecido como bom escritor, ter leitores cativos é tarefa árdua. Às vezes, o cidadão comum, o mais mortal dos mortais, admira seu escritor, coloca-o no pedestal, mas nem sempre imagina quanto custou ser objeto de tal idolatria. Quanta porcaria escrita, quantos textos descartados.


Há escritores que desprezam o sucesso, justificando a pouca venda de seus livros. Outros se transvestem de gênios, dizem escrever para o século seguinte, mas todos gostam mesmo é de ser reconhecido, ter o ego massageado. Há algum mal nisso? Não, desde que o sucesso seja uma consequência do bom trabalho.


Há vários caminhos para se conseguir a literariedade, essa característica que garante o reconhecimento do escritor na literatura de sua cidade, estado, país. Exemplos: pertencer a uma academia, ter suas obras analisadas por universidades, ter leitores, ser elogiado pela crítica, vencer concursos valida o escritor diante da sociedade.

Sou um sujeito sem sal. Não jogo em loterias, pois tenho medo de ficar rico. Gosto de dinheiro, mas a quantidade suficiente para me garantir a tranquilidade. Para isso, não precisa ser muito. Sou partidário do aurea mediocritas (valorização do cotidiano, nada de ostentação). Não gosto de competição, ela me tira a harmonia, fujo dela. Então, não sou dado a concursos literários.


Quem vence um concurso agradou a uma comissão julgadora. Caso fossem outros seus componentes, não seria o vencedor. Em literatura, como nas artes em geral, é difícil ser objetivo. Graciliano Ramos desclassificou um conto de Guimarães Rosa.


Apesar de toda ponderação, não recrimino os concursos literários. Eu não gosto deles, mas há quem os adora. Como escritor, ao assumir a Secretaria da Cultura de Araçatuba, procurei alavancar o decaído Concurso Nacional de Contos Cidade de Araçatuba, que em 2010 está na 23.ª edição. Em 2009, triplicou-se a participação de 2008; espera-se mais em 2010.


Há dois níveis: o nacional e o local. Em cada um deles, o primeiro colocado receberá R$ 3.000,00; o segundo, R$ 2.000,00; o terceiro, R$ 1.000,00. Havendo cinco menções honrosas em cada categoria. Os 16 vencedores farão parte de uma antologia que será editada a tempo de ser entregue na noite da premiação, 8 de setembro em Araçatuba.


Se você, caro leitor, quer saber mais informações, inclusive como fazer um conto, acesse: www.concursodecontos.blogspot.com .Pense na grana e na competição, não seja bobo como este croniqueiro, mas não exagere. Afinal,dizem os pajés da tribo que a sabedoria mora no centro. Sucesso!