AGENDA CULTURAL

3.10.10

Edson Cury - um lutador

Autor do texto: prof. Euclides de Almeida

Edson Cabariti nasceu em 16/07/1936, em Santos -SP. Filho de imigrantes sírios chegou ainda criança em Araçatuba. Mudou o sobrenome Cabariti para “Cury”, pois o considerava mais artístico, mas o personagem era conhecido no mundo artístico-televisivo como Bolinha.
Bolinha casou-se em Araçatuba com Janice e teve duas filhas: Elísia Victória e Ana Lúcia, falecida ainda jovem.

Jovem, em Araçatuba
Começou a vida mascateando, assim afirma Aires Buchi: “...carro bem antigo pintado de azul e na frente uma cabeça de índio e tinha o nome de ‘Serviço de Alto Falante Cacique’. Já famoso, dizia ter sido engraxate, feirante, cobrados de ônibus e: “já vendi muito suspensório pra cobra”.

Na década de 50, onde o ponto de lazer familiar eram as praças, Bolinha inovou. “Começou a fazer apresentações na praça Diogo Jr. no Bairro Santana, em outubro de 1956”, conforme consta na contra capa do disco ‘De Araçatuba: Astros de Amanhã’, da RGE.

Continua Aires:
“Ele começou fazendo as propagandas de rua com alto-falantes, e a formar elenco de crianças e adultos, na casa dele, na praça Diogo Jr., na rua Aviação. Formou uma regional que o acompanhava , com três ou quatro músicos: um violão, um instrumento de ritmo, nem bateria usava, um cavaquinho, uma ‘timba’ , na época, ‘tantã’.

Existia o microfone, os alto-falantes eram cornetas. O regional fazia um som de fundo acompanhando quem estava cantando.

O artista ou cantor tinha que ter pelo menos um pouco de fôlego para soltar a voz. Tinha que ter qualidade musical, artística.

Para o candidato que se destacava, havia uma premiação, às vezes, até em dinheiro. Apesar de ser espontâneo, o programa era levado a sério, era organizado, havia ensaios. Não havia recursos eletrônicos, o candidato tinha que ter qualidades mesmo. O Bolinha, apesar de ser um rapagão na época, respeitava e fazia-se respeitar. Cobrava a participação escolar dos candidatos. Pelo rádio, anunciava estar dando oportunidades a quem quisesse se apresentar no programa dele.

Havia uma ‘peneira’, seleção. Ele ia em todos os bairros. Depois disso, suas apresentações passaram a ter fama.

Corríamos a cidade, inclusive, a região. Era em finais de semana: sábados e domingos. Começou a ter patrocínio de várias firmas da cidade”,continua Aires [...] Bolinha passou por todas as 3 emissoras de rádio de Araçatuba: Cultura, Difusora e Luz, e voltava a elas como gerente. Passou a ter um programa de palco especial para crianças de auditório no Cine Bandeirantes, aos domingos, começara com três escalões, iniciava às 8h e terminava às 12h.” completa Aires. [...]“ Depois que fomos para a rádio e pegar patrocínio”.

A divulgação pelo rádio era feita em várias regiões. Aires o acompanhou a Birigui, Penápolis, Guararapes, Valparaíso, Mirandópolis, Bilac. Foram para Três Lagoas, Campo Grande e Corumbá. Em 1960, lançaram o disco “Astros de Amanhã”. Sete anos mais tarde Bolinha foi para São Paulo.
Numa época em que não havia TV o público se divertia com cinema, nas praças públicas e com o Programa do Bolina. Sabia-se que aos domingos, após a missa na Matriz, as crianças estariam na Rádio Cultura ou Difusora, mostrando os seus talentos.

“A prefeitura mantinha um banda na praça Rui Barbosa. As famílias se reuniam nas praças, os pais ficavam nos bares. Era uma diversão familiar. A praça era uma sala de visitas. Pais conversavam, crianças brincavam ao redor da fonte luminosa. Havia pipoqueiros, balões. A rua Osvaldo Cruz era mais elitizada, rapazes procurando noivas. As vitrines das lojas eram uma atração. Hoje, as pessoas quase não saem de casa, não tem programa de palco, de auditório”, lamenta-se Buchi.

Bolinha na TV

Foi pra a TV Record, onde apresentava “Astros do Ringue”, programa de lutas de telecatch, posteriormente, foi para a TV Excelsior. Quando Chacrinha rompeu contrato com a emissora. Bolinha o substituiu. Foi comentarista de futebol. Segundo críticos musicais, o seu programa na TV Bandeirantes foi o mais sério, revelando diversos artistas como Luiz Ayrão, Jessé, Sula Miranda, Gilliard, Ângelo Máximo.

Outros artistas, após tornarem-se famosos, apresentaram-se em seu programa para agradecer o incentivo que Bolinha lhes dava no início de suas carreiras: Leandro e Leonardo, João Paulo e Daniel e Arnaldo Antunes.

Seu programa ficou no ar até 1994.
Recebeu o título de Cidadão Araçatubense alguns anos antes de seu falelcimento, que se deu em 1.º/07/1998.
Sua filha ,Victória Cury, herdou-lhe o talento comercial.

Euclides de Almeida é professor de História em Araçatuba.

2 comentários:

jhamiltonbrito.blogspot.com disse...

Ah! tá...falecida ainda jovem.
Estudei com o Elísio, cunhado do Bolina, no seminário de Lins. Se vc que lê este texto souber do paradeiro dele, por favor, me avise.

jhamiltonbrito.blogspot.com disse...
Este comentário foi removido pelo autor.