Silvana A. Santos Paupitz*
Há mais ou menos cinco anos moro nas proximidades da tão polêmica Lagoa das Flores, e lamentavelmente esse nome não lhes faz justiça! Sendo assim, portanto parte da minha realidade é parte da Lagoa que tem sido
objeto de meus estudos e projetos desenvolvidos com alunos da Unidade Escolar José Augusto Lopes Borges, Araçatuba-SP.
Na busca do histórico do local referido, percebi uma forte ligação desta parte da natureza com a derrubada e destituição da igreja de Santo Onofre que sustentava com orgulho o título de padroeiro da cidade e para alguns,
lamentavelmente, conhecido por proteger bêbados e prostitutas. Sobre seus destroços construíram uma suntuosa catedral homenageando uma santa de altíssimo valor, Nossa Senhora Aparecida. Por favor, não me
entendam mal, nada tenho contra os santos e as santas, sou contra atitudes arbitrárias, e como diziam os “antigos”, desvestir um santo para vestir o outro...
Conta à história que um representante da Igreja Católica ordenou a construção da nova igreja, mas que fosse conservada em seu interior uma pequena relíquia da antiga igreja daquele santo não muito “católico”. De fato a igreja enchia os olhos dos crentes e não crentes. Era um belíssimo cartão postal, mas, como o ser humano nunca está contente e necessita se encaixar na tão famosa era da modernidade trouxe abaixo a venerada Igreja Matriz Nossa Senhora Aparecida para mais uma bela homenagem a santa de valor.
Se me permitem a comparação ousada, um “disco voador” de concreto armado sobre a base da antiga igreja fora construído. Bom, retomamos o nosso ponto de partida; a Lagoa das Flores, esta recebeu em seu veio, sem reclamar a priori, os destroços da igreja que havia através da força humana desabado. Um verdadeiro sítio arqueológico santo nasce neste local. Sem que o algoz perceba, a mãe natureza cava seus tuneis entre as entranhas da terra em absoluto silêncio e aflora a alguns metros do antigo leito, pequenas vidas aquáticas. Mansa, serena e ao mesmo tempo forte, ameaçadora, vingativa foi se apoderando do local transformando-o na nova moradia.
Lenda urbana? Não. Oficial ou oficioso são fatos até agora relatados. Tomo por lenda urbana, talvez, a história oficiosa de que alguns esotéricos que por Araçatuba passaram, alegaram que em seus corpos e espíritos sentiam uma força negativa demasiadamente grande devido à aura pesada e assustadora que paira sobre toda a cidade e se contextualizarmos essa parte da história de Araçatuba com a história do México, percebemos que sua capital fora construída pelos seus colonizadores sobre a antiga cidade asteca de nome Tenochtitlá. Será que a cidade do México sofre o mesmo estigma?
Qual seria a solução para acabar com essa “urucubaca” que envolve nossa cidade? Reconstruir as igrejas destruídas sem nenhum censo de preservação da memória histórica e cultural? Remover os destroços da Matriz que furiosamente obstruiu o veio da vida e repousa no leito natural da lagoa? Devolver ao santo dos bêbados e das prostitutas, o que é seu por direito, e que sem pudor alguns homens de “moral” surrupiaram? Agindo assim a Lagoa das Flores se tornaria inofensiva e pacata novamente onde fora esculpida de forma natural ou humana? Enchentes não mais levariam pequenos seres para os quintais de nossas casas e o que foi conquistado com muito suor e a longas prestações seriam preservados?
*Silvana A. Santos Paupitz é professora de História.
Há mais ou menos cinco anos moro nas proximidades da tão polêmica Lagoa das Flores, e lamentavelmente esse nome não lhes faz justiça! Sendo assim, portanto parte da minha realidade é parte da Lagoa que tem sido
objeto de meus estudos e projetos desenvolvidos com alunos da Unidade Escolar José Augusto Lopes Borges, Araçatuba-SP.
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Vítima de enchente Lagoa das Flores de Araçatuba-SP |
Na busca do histórico do local referido, percebi uma forte ligação desta parte da natureza com a derrubada e destituição da igreja de Santo Onofre que sustentava com orgulho o título de padroeiro da cidade e para alguns,
lamentavelmente, conhecido por proteger bêbados e prostitutas. Sobre seus destroços construíram uma suntuosa catedral homenageando uma santa de altíssimo valor, Nossa Senhora Aparecida. Por favor, não me
entendam mal, nada tenho contra os santos e as santas, sou contra atitudes arbitrárias, e como diziam os “antigos”, desvestir um santo para vestir o outro...
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Catedral Nossa Senhora Aparecida Araçatuba-SP- o disco voador |
Se me permitem a comparação ousada, um “disco voador” de concreto armado sobre a base da antiga igreja fora construído. Bom, retomamos o nosso ponto de partida; a Lagoa das Flores, esta recebeu em seu veio, sem reclamar a priori, os destroços da igreja que havia através da força humana desabado. Um verdadeiro sítio arqueológico santo nasce neste local. Sem que o algoz perceba, a mãe natureza cava seus tuneis entre as entranhas da terra em absoluto silêncio e aflora a alguns metros do antigo leito, pequenas vidas aquáticas. Mansa, serena e ao mesmo tempo forte, ameaçadora, vingativa foi se apoderando do local transformando-o na nova moradia.
Lenda urbana? Não. Oficial ou oficioso são fatos até agora relatados. Tomo por lenda urbana, talvez, a história oficiosa de que alguns esotéricos que por Araçatuba passaram, alegaram que em seus corpos e espíritos sentiam uma força negativa demasiadamente grande devido à aura pesada e assustadora que paira sobre toda a cidade e se contextualizarmos essa parte da história de Araçatuba com a história do México, percebemos que sua capital fora construída pelos seus colonizadores sobre a antiga cidade asteca de nome Tenochtitlá. Será que a cidade do México sofre o mesmo estigma?
Capela de Santo Onofre Primeira igreja de Araçatuba - 1915 |
Qual seria a solução para acabar com essa “urucubaca” que envolve nossa cidade? Reconstruir as igrejas destruídas sem nenhum censo de preservação da memória histórica e cultural? Remover os destroços da Matriz que furiosamente obstruiu o veio da vida e repousa no leito natural da lagoa? Devolver ao santo dos bêbados e das prostitutas, o que é seu por direito, e que sem pudor alguns homens de “moral” surrupiaram? Agindo assim a Lagoa das Flores se tornaria inofensiva e pacata novamente onde fora esculpida de forma natural ou humana? Enchentes não mais levariam pequenos seres para os quintais de nossas casas e o que foi conquistado com muito suor e a longas prestações seriam preservados?
*Silvana A. Santos Paupitz é professora de História.
2 comentários:
Se naquele tempo tivéssemos tombado a Matriz não teriam feito a desgraceira que fizeram. O monsenhor Mazzei deve excomugar os cretinos que a substituiram pelo disco voador.
Se naquele tempo tivéssemos tombado a Matriz não teriam feito a desgraceira que fizeram. O monsenhor Mazzei deve excomugar os cretinos que a substituiram pelo disco voador.
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