AGENDA CULTURAL

29.1.11

Teatro Castro Alves - questão de ideologia

Hélio Consolaro*

O prefeito Cido Sério (PT) anunciou que vai terminar a reforma do teatro municipal Castro Alves, para tanto vai destinar  R$ 500 mil para a Secretaria Municipal da Cultura.  Já temos metade do material licitado, faltando apenas fazer a licitação para adquirir os instrumentos de climatização e as poltronas.  
Interior da atual sede do MAAP
foyer do teatro Castro Alves

O teatro não funciona desde 1990. De 1990 a 1999 funcionava apenas para ensaios.  O ex-prefeito Jorge Maluly Neto devolveu o teatro São João para o Círculo Operário, pois considerou na época o pagamento do precatório um absurdo, mas prometeu terminar o Castro Alves.

Ensaiou-se uma reforma, o ex-prefeito ganhou umas cadeiras velhas de uma entidade paulistana, gerou-se uma polêmica danada no mundo cultural de Araçatuba. E tudo virou uma promessa que não foi cumprida: devolver o teatro funcionando nas comemorações do centenário.  Assim a cidade perdeu o teatro São João e não teve o Castro Alves recuperado.

O mandato de prefeito de Maluly Neto (PFL) foi cassado em setembro de 2008 no meio de um processo eleitoral, sem terminar o teatro. A vice-prefeita Marilene Magri (PSDB) assumiu o cargo. A sua maior obra de três meses de governo foi demitir ocupantes de cargos de confiança do outro para pôr os seus. Uma vingança paga pelos cofres públicos.

Embora Marilene Magri tenha sido secretária da Cultura na administração de Domingos Andorfato, como prefeita não terminou o teatro. O Castro Alves sem funcionar foi um dos itens da herança recebida pelo atual prefeito Cido Sério.

Nomeado secretário da Cultura, percebi que havia a cabine de força, mas faltava o transformador. Com o orçamento de 2009, compramos o equipamento que foi instalado em 2010. Com energia funcionando, pudemos transferir para o “foyer” a sala de exposição do Museu Araçatubense de Artes Plásticas (MAAP).
Frente do MAAP

Durante a inauguração da nova sede do MAAP, fiz questão de levar a vereadora Durvalina Garcia (PT) e o prefeito Cido Sério até o teatro, mostrar-lhes em que estágio tudo estava parado. Ver sensibiliza mais.

Assim que a Prefeitura havia terminado a transação com o Santander, o prefeito Cido Sério me chamou ao seu gabinete e me deu a boa notícia que foi transmitida por ele à imprensa na sexta-feira: “vamos terminar o teatro Castro Alves”.

A oposição vai torcer o nariz e dizer “Não fez mais que a obrigação”. A situação está dizendo que o prefeito Cido Sério vai terminar o Hospital Modelo da cultura de Araçatuba. O cidadão vai reconhecer que aplicar dinheiro nisso ou naquilo é uma opção do gestor público. Se os prefeitos anteriores proteleram a obra do teatro foi porque não a priorizaram.

Se formos somar o dinheiro gasto com o Castro Alves, daria para construir um teatro maior, carência de Araçatuba. Mas o Castro Alves não é um teatrinho qualquer de 220 lugares, ele foi um local da resistência à ditadura militar, quando o presidente do Intec – Instituto Noroestino de Educação e Cultura – era Franco Baruselli.
Painel de identificação do MAAP
Peças antológicas, atores e atrizes famosos, cantores da MPB pisaram aquele palco, dentre eles Marília Pera e Vinícius de Moraes. Nessa época, o prefeito Cido Sério e este secretário frequentávamos o local.

A reinauguração do teatro Castro Alves não será uma festinha qualquer, porque terminá-lo foi uma questão de ideologia. Quem esteve ao lado da ditadura, certamente não tinha muito interesse em recuperar aquele espaço.   

*Hélio Consolaro é professor, jornalista, escritor. Membro da Academia Araçatubense de Letras. Atualmente é secretário da Cultura de Araçatuba-SP.  

3 comentários:

Silvana Paupitz disse...

Que a justiça seja feita e que a verdade seja dita. Parbéns ao senhor Hélio Consolaro e sua equipe que seguramente estão preocupados em fazer cultura de verdade,melhorar o que já foi feito, e terminar o que está pararado ao menos por 8 anos.

Alexandre Sônego disse...

Parabéns Hélio!
Obrigado Cido!

Estávamos engajados para conclusão desta obra, porém com a chegada da Marilene tudo ficou nebuloso e no "Castro" do nosso compromisso, só ficou o rastro!
Meu pai também frequentava este teatro no seu período de efervescência cultural.
Por isso, queria muito ver a conclusão dessa obra, mas lamento que somente no último ano de governo que o ex-prefeito Maluly liberou recursos para essa finalidade, desta forma com a saída do Maluly, posteriormente com a minha, tudo parou!
Hélio, torço muito pelo seu trabalho e fico muito feliz por dar continuidade na descentralização das atividades culturais (era o meu maior objetivo na difusão cultural), bem como por conseguir alguns feitos para nossa cidade, como o projeto do Centro Cultural Ferroviário!
Farei de tudo para estar no momento histórico, na resolução desta questão ideológica, que muito bem fará para a atmosfera e vida cultural de nossa cidade!
Sucesso Hélio!
Abraços fraternais!

Prof. Alexandre Sônego

Anônimo disse...

Voce é um grande fanfarrão.