AGENDA CULTURAL

11.3.11

O Semeador das Palavras


Mineiro de Itabira, o poeta Carlos Drummond de Andrade descreve aspectos de sua própria vida, no curta-metragem de Fernando Sabino e David Neves, O Fazendeiro do Ar (1972), abrangendo assuntos como família, religião e vida profissional.
O escritor, que iniciou sua carreira literária com o livro Alguma Poesia, em 1930, revela no filme sua ligação com as palavras. "Eu confesso que desde criança tive uma espécie de fascinação inconsciente pela palavra, pela forma visual da palavra. O aspecto visual das palavras, a forma, a escrita, o papel com desenhos, com riscos, com letras me causava uma impressão muito forte. E eu acho que tudo que eu fiz, em matéria de literatura, vem desse primeiro contato com a palavra impressa", diz Drummond.
Em 1934, mudou-se para o Rio de Janeiro para trabalhar como chefe de gabinete  de Gustavo Capanema, então nomeado novo Ministro da Educação e Saúde Pública. Sobre a relação com o seu estado natal, o poeta afirma que "está preso à Minas pelo cordão umbilical. Embora, eu acho que nós exageramos um pouco o lado mineiro dos mineiros. Nós criamos uma Minas meio estranha, como se fosse um país diferente do Brasil, criamos um pouco de rocambole em torno de Minas".
No curta, o autor também comenta sobre sua passagem pelo Ministério da Educação: "eu vim para o Rio com as ideias de eficiência, de energia, de disciplina, de ordem e diante da moleza do temperamento carioca, do clima carioca, foram se dissipando. Eu vi que eu não podia exigir dos outros mais do que aquilo que os outros estão acostumados a dar." E termina fazendo um balanço de sua postura em vida e em literatura. "Há um grande contraste entre as minhas tendências naturais e a vida que eu levei de pequeno burguês acomodado e calmo. Foi o sentimentalismo familiar, a ligação com amigos mais ponderados e a necessidade de ganhar a vida que fizeram com que eu fosse, não um anarquista militante, mas um funcionário público."
Assista ao curta-metragem:

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