AGENDA CULTURAL

6.3.11

Selo pra cá, selo pra lá

Hélio Consolaro*

Se eu fosse um sujeito acomodado, como secretário da Cultura do atual governo municipal, ficaria quietinho,  indiferente diante dos selos que algumas pessoas põem em seus carros, para não arrumar confusão, mas quem me conhece sabe que não sou pessoa dessa natureza. Meu pai não me ensinou a ser omisso.  

Um grupo de carrões comandados por um cidadão cuja família dirigiu a Prefeitura durante um mandato, depois disso a população não a quis no Executivo e nem na Câmara Municipal, expõem um selo com os dizeres: “Visite Araçatuba antes que acabe”, expondo todo o seu ódio porque o atual prefeito não lhe deu nenhum cargo de confiança na atual gestão. A ex-prefeita Marilene Magri fez isso, mas soube como é doloroso tê-lo no gabinete.

O costume aqui em Araçatuba é este: a pessoa mete o pau em quem está no poder só para ver se alguém lhe tapa a boca com algum chumaço de dinheiro ou cargo. Depois de calada, ela vem com aquela cara lambida justificando porque mudou de posição. Esse pessoal, depois, ainda tem a coragem de disputar eleição e a população costumeiramente tem lhe dado uma banana.

Então, o PT resolveu contra-atacar distribuindo outro selo “Sou mais Araçatuba”, que é mais simpático, mas que ficou restrito a seus militantes e a ocupantes de cargos de confiança na atual gestão. Fazendo isso, o partido legitimou o selo adversário, alimentou a ação do outro. Então ficaram dois times brigando, e a população rindo, porque 99,9% dos carros não têm selo algum.

Até que andei com o selo por uma semana no carro, mas descobri que eu estava sendo tão medíocre quanto aqueles que andam falando mal de Araçatuba, cuspindo no prato em que comeram, pois seus carrões demonstram que são pessoas portadoras de alto padrão de vida.

Se pegarmos a Folha da Região, edições da época chuvosa, sempre as cartas de leitores e editorias escreveram sobre os buracos em nosso asfalto. Todos os prefeitos enfrentaram esse problema nessa época do ano, porque a cidade foi asfaltada sem fazer galeria, então, a durabilidade do calçamento é curta. 
Cidade do asfalto, mas sem lugar para o escoamento das águas pluviais.

Quem está na atual administração, sendo ou não petista, precisa mirar-se no exemplo de Lula. Tentaram esmagá-lo, mas quem foi esmagada nas urnas por três vezes foi a oposição.

Então, o amigo Cido Sério não precisa se preocupar com selo em carro e campanha contra o buraco, porque ela é feita por uma minoria, gente que ficou sem a mamadeira. Devemos tapar os buracos conforme o cronograma “Mais Asfalto”, façamos tudo direitinho, pensando em cumprir bem o mandato. Que os oportunistas morram eleitoralmente à míngua.     

E se a população não nos entender, voltemos aos nossos jardins domésticos, porém, íntegros. Não deixemos que nossas vidas sejam tomadas pela política (polis), isso faz mal, nos deixa obtusos e até cegos.

Como o prefeito sempre diz: a atual administração investe no humano, mas nós, da atual gestão, também somos humanos, temos que nos cuidar. A carroça da história passa, deixemos os cães ladrarem.

*Hélio Consolaro é professor, jornalista, escritor. Atualmente é secretário da Cultura de Araçatuba

Um comentário:

Diego Alves disse...

Professor. Este teu post e a matéria hoje publicada pelo jornal Folha da Região sintetizou muito bem as intrisicidades que nossa "moradia querida" está passando. Desfilar com adesivos a dizeres que queiram subenteder uma posição crítica, na verdade, está sendo passada a imagem errônea para alheios.
Creio que as soluções para os equívocos decorrentes na cidade, estão além de ser somente dos gestores e líderes que administram o Governo Municipal. Mas também, da comunidade que nesta cidade se habita. Logo, esta com alguns não colaborando para melhorar, tal como a mostrar adesivos que expõem negatividades, dificulta a contribuição e impulso que instiga o bem populacional, sendo, podendo gerar falta de oportunidades, desenvolvimento e progresso para a cidade.
Araçatuba necessita de cidadões que acreditam realmente em suas qualidades. Porque o oposto, já prova de possuir.