AGENDA CULTURAL

5.4.11

Amores Expressos


Jurandir Freire Costa defende que ideia de amor cristão e revolução sexual tornaram a humanidade solitária e infeliz
Publicado em 04 de abril de 2011 - REVISTA CULT
 Paradoxo Amoroso – Ensaio sobre as Metamorfoses da Experiência Amorosa, de Pascal Bruckner, é mais um trabalho sobre o amor. O autor aborda o tema em modo de ensaio, ou seja, sem sistematizar a armadura conceitual histórica, filosófica, psicológica, semântica etc. da leitura escolhida. Nesse sentido, o livro tem o perfil de uma meditação moralista à la Montaigne, Pascal, La Rochefoucauld ou outros do gênero. A pretensão é absolutamente legítima, mas paga o preço da escolha do método.
Primeiramente, os pontos fortes. Bruckner observa a distância o panorama amoroso contemporâneo, revelando suas linhas de força. A tese é, grosso modo, a seguinte: somos filhos inconscientes do Maio de 1968. A revolução amoroso-sexual daquele período triunfou.
Não, porém, como previam os protagonistas do acontecimento. As astúcias da história transformaram a fantasiada liberação sexual em pesadelo amoroso. Somos livres para amar como nunca fomos, mas jamais fomos tão solitários, infelizes, tristes e queixosos em matéria de amor. A liberdade conquistada des cambou num ideal amoroso tirânico: prazer perene, à prova do desgaste do tempo e do hábito.
O resultado é a insatisfação crônica; a busca masoquista pelo “defeito” em si ou no outro, responsável pela obsolescência precoce de tantos sonhos de amor.

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