AGENDA CULTURAL

17.7.11

Brasil x Paraguai. Apenas um jogo de linguagem

Hélio Consolaro*

Blog do E.T.
O jogo entre Brasil e Paraguai se transformou num jogo de linguagem. Aliás, ainda não descobrimos que tudo em nossa vida é simbólico, vivemos imersos em signos.

Meu pai, daqueles italianos antigos, só pensava em trabalhar, não cuidava do mundo das relações, que é todo simbólico, em que está centrada a vida moderna.  Viveu a seu modo, sem dar pelotas às frescuras.

Voltemos ao jogo, aprendamos com ele. Nós chamamos toda porcaria de “coisa paraguaia”. Cavalo ruim na corrida é paraguaio. Qualquer produto de má qualidade, poder ser chinês, mas o classificamos de paraguaio. Tudo isso porque há uma ponte área entre Paraguai e China que alimenta os sacoleiros brasileiros.

Então, caro leitor, nossa seleção se comportou como um cavalo paraguaio. Correu muito no início e fraquejou no final. E os jogadores paraguaios, treinados por um argentino, foram persistentes, usaram de artimanhas até chegarem à vitória diante de adversário tão prestigiado. Conclusão: o Paraguai argentino derrotou a seleção do Brasil paraguaio.

Pior mesmo ficou para a Argentina, sediando os jogos da Copa América, ter que torcer pelo Paraguai. Todos os vodus argentinos foram convocados, maus olhados, rogação de pragas, etc. Toda a raiva de Maradona foi jogada sobre Pelé.

Como se diz no Boteco Bate-Forte, onde a linguagem não tem requintes: “os argentinos gozaram com o pau dos outros”. Pior mesmo foi apanhar de um país que quase destruímos numa guerra absurda na época do império.

O jogo também foi um duelo entre aves aquáticas nada elegantes. Apenas o ganso tem aparência de alteza; pato e marreco são desprestigiados.  

Marreco, na linguagem do baralho, é o mau jogador. Então, o Paraguai além de ser um país paraguaio, tinha um marreco em sua equipe: Marecos. Com todo esse índice de ruindade, o Brasil conseguiu perder para os paraguaios. A seleção se comportou como o nosso Palmeiras que, de vez em quando, apronta uma, como perder do Coritiba: 6 a 0.    

A seleção brasileira tinha Pato e Ganso, mas nada valeram, porque eram jogadores disfarçados de marrecos.  Perdemos o jogo, não conseguimos marcar um gol.  Os pênaltis foram consequência de nossa burrice.

Não houve galináceos no jogo, pois os goleiros, principalmente o paraguaio, foram eficientes, nada de frango. A bola chutada pelos pés tortos ganhou voos independentes, não entrou, criou asas.

Então, caro leitor, você percebeu que os significados das palavras permitiram um jogo de linguagem interessante, mas no futebol fomos mesmo um desastre. A “seleção do Santos”, como os santistas estão ficando pretensiosos, não passa de um bando de marrecos do banhado. A cidade de Santos virou um brejo.     

*Hélio Consolaro é professor, jornalista e escritor. Atualmente é secretário da Cultura de Araçatuba-SP
Pato


Marreco
Ganso

Um comentário:

Régner Henrique disse...

aUHAuhaUHAuhaUHAuhaUHauahhuUhuha! Boa... "Jogo de Cumádi", para erra 4 penaltis deve estar acontecendo alguma coisa! Salário?