AGENDA CULTURAL

3.9.11

Envelhecer bem


Especialistas falam sobre as vantagens da idade madura - www.maisde50.com.br


A população que envelhece hoje já não é mais a mesma de antigamente. Eles saem para festas, viajam, estudam, namoram e nem pensam em parar. Segundo estimativas do Instituto Brasileiro de Geografia Estatística (IBGE), em 2010, mais de 14% da população brasileira já passava dos 55 anos de idade. Isso representa quase 27 milhões de pessoas. Mas apesar de vermos a população madura cada vez mais ativa, a pergunta que fica é:  será que ela está realmente sabendo lidar bem com o envelhecimento?

A questão deixa muitos especialistas na dúvida mas, em geral, essa é uma fase bem complicada para quem já passou dos 50. Essa é uma opinião partilhada pela Mestre em Gerontologia e presidente da ONG OLHE (Observatório da Longevidade Humana e Envelhecimento), Ingrid Vilardi Mazeto. "Tenho visto que a maioria não aceita bem, porém não podemos generalizar. Penso que essa dificuldade está relacionada à identidade cultural da nossa sociedade sobre o envelhecer, onde aprendemos que isso significa perder, adoecer, não desejar, e outros atributos que não gostaríamos em nenhuma fase de nossa vida. Isso é agravado pela cultura contemporânea da estética do corpo perfeito. Quando percebemos que envelhecer é o processo da vida, entendemos que envelhecemos a cada instante de nossa vida e, para quem gosta de viver, envelhecer é bom", diz.

Aceitar o envelhecimento é não levar tão a sério a idade cronológica, mas o que ela representou para a existência do indivíduo. Segundo a psicóloga e professora da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) Regia Célia Gorodscy, "Envelhecer é viver. Aceitar o próprio envelhecimento significa ter os pés no chão, vivenciar o concreto, o existencial, o real". Ingrid concorda dizendo que a idade cronológica "não faz diferença para quem valoriza o que sente, vive, ama, chora, ri, experimenta. Não dá para dar uma idade à existência de cada pessoa, só dá para vivê-la, construí-la e senti-la".

Em 1940, a expectativa de vida da população brasileira não passava dos 50 anos de idade, segundo informações do IBGE. Em 2008, essa projeção já pulou para 72 anos e, em 2050, deve chegar aos 81. As pessoas estão ganhando cada vez mais tempo para viver e o que preocupa os especialistas é a qualidade com que elas estão vivendo esse tempo "extra". "Temos presenciado quebras de paradigmas. Vejo cada vez mais idosos não aceitando essa identidade social dada a eles e fazendo o que gostam, indo e vindo, viajando, aprendendo, desejando. A sociedade toda tem desafios com o envelhecimento populacional. A geração de idosos de hoje está fazendo bem a sua parte. Eles estão se permitindo estudar, estão aprendendo a linguagem digital, se comunicam por redes sociais, utilizam o celular, estão trabalhando, namorando. Quem ainda não é idoso tem que pensar hoje que velhice quer ter", sugere Ingrid.

Assim como qualquer outra fase da vida, a velhice também apresenta seus desafios. "Penso que o maior desafio que se deve enfrentar com a chegada da velhice é encarar o comodismo e a passividade que vem com a chegada da aposentadoria. Manter-se ativo política e socialmente, cultivar as relações humanas, amizades, amores e família. Quando a pessoa está entrando nessa fase, tende a encarar esse momento como, de fato, uma mudança de fase, quando não é bem assim", diz Regina Célia. Ingrid conclui dizendo que "fazer o que dê prazer, estar com pessoas que goste, ter amigos, trabalhar, fazer algo voluntário pelas pessoas ou por qualquer ser vivo, se reinventar, resgatar planos, continuar aprendendo e ter curiosidade, ter um bom cuidado com seu corpo, não ficar preso ao passado e às perdas, são bons hábitos. Se não olharmos para as limitações e sim para além delas, podemos ver muitas possibilidades de realizar algo".


Sugestão de leitura do Blog do Consa
Li este livro quando tinha 28 anos. Não deixe para lê-lo quando chegar à velhice, se prepare agora, na juventude. O segredo de envelhecer bem está ligado em viver plenamente a vida, desde jovem.



Um comentário:

Nereide disse...

muito legal o texto Sr. Consolaro, parabéns!