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Capa do livro |
Hélio Consolaro*
Comentar livro publicado por um confrade ou amigo não é tarefa fácil, porque, conforme avaliação, o resenhista pode magoar o autor. E se for muito condescendente, desqualificar a resenha.
Então, fique quieto, dirá alguém. Mas como tenho um blog, escrevo em jornais, os amigos sempre esperam algum comentário logo após o lançamento do livro.
Na noite de 23 de setembro, o médico Glenn Wood da Silva, acadêmico da Academia Araçatubense de Letras, lançou o seu livro “Vida de Cão – Relatos de um diário canino”, Editora Somos, 79 páginas, R$ 25,00.
O livro, apesar de fino, mereceu três prefácios: do Bastião, o cão, narrador das memórias caninas; do autor e de uma leitora especial, a escritora e presidenta da Academia Araçatubense de Letras Cidinha Baracat. Ao lê-lo, eu me lembrei do apólogo de Orígenes Lessa: Memórias de um cabo de vassoura.
A Câmara Brasileira do Livro, responsável pela ficha catalográfica, classificou erroneamente a obra como contos. Na verdade, é um livro de memórias de um cão labrador que mora numa casa com uma família. Embora o autor presenteie o leitor com esse estranhamento, eu ousaria classificá-lo de fábula, pois Glenn apresenta o mundo pela visão do cachorro.
O mundo é apresentado pelos cães com cauda (os próprios cães) sobre os sem caudas (seres humanos). Apesar de todos viverem numa mesma casa, o autor não chegou a urdir um enredo, se contentou em sobrepor relatos. Isso já vem afirmado na capa: “Relatos de um diário canino”.
O PAI ALFA tem autoestima elevada, se considera “o bom demais”, o mantenedor da casa, apresentando uma visão ligeiramente machista. Isso não se acentua mais porque a MÃE ALFA está ausente na história.
A filha é chamada de PEQUENA DE PELAGEM BRANCA. Bastião tem ciúmes dela, disputa com ela o afeto do PAI ALFA. E o autor vai filosofando por meio do personagem FELPUDO.
Com quem comenta o livro, Gleen Wood da Silva faz questão de dizer que o cachorro existe, mas isso não tira o caráter ficcional da obra, porque a visão de Bastião sobre o mundo é criação do autor, um exercício de imaginação.
A linguagem é fácil, mas não deixa de usar palavras de nosso vocabulário passivo. Isso proporciona a ampliação do léxico do leitor. Acredito que o livro pode ser adotado como leitura nas escolas, pois abre um leque de discussão sobre o nosso relacionamento com os animais domésticos.
"Vida de cão" está à venda nas livrarias de Araçatuba.
*Hélio Consolaro é professor, jornalista e escritor. Atualmente é secretário municipal de Cultura de Araçatuba-SP
Um comentário:
Moro em São Paulo capital, como faço para comprar o livro?
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