AGENDA CULTURAL

14.11.11

Amizade colorida entre maduros


Adeptos do “cada um na sua“, casais de meia idade buscam o amor e a liberdade em suas relações
 Por Ilana Ramos

www.maisde50.com.br  (um site bem legal)

Imagine a situação: eles são sempre vistos juntos, andam de mãos dadas na rua, parecem se amar incondicionalmente, mas, no final da noite, um beijo de despedida e vai cada um pra sua casa. E estão assim anos a fio. Apesar de soar meio esquisita, essa história não é tão incomum e tem se tornado cada vez mais uma opção para os casais maduros. E com visível sucesso.

Estudos já foram feitos sobre esse tipo de relação, que recebeu dos especialistas a nomenclatura de Living Apart Together (Vivendo Juntos Separados, em tradução livre – LAT, sigla em inglês). A University of Bradford, na Inglaterra, já pesquisou esse tipo de relacionamento, buscando entender quem são esses casais. O NatCen, Centro de Pesquisas Sociais Britânico, constatou que os casais LAT representam 10% da população inglesa. O jornal alemão "Demographic Research" já estudou até as consequências demográficas do fenômeno nos Estados Unidos.

Pode não ser exatamente comum, mas casais vivendo juntos separadamente não são tão raros. De acordo com a professora titular do projeto de Psicologia Clínica e Coordenadora do Núcleo de Família e Comunidade na PUC-SP, Rosa Maria Macedo, "esse fenômeno é mais comum entre casais mais velhos, sobretudo se já tiveram casamento anterior, com filhos, carreira definida, enfim. Pessoas que já têm a vida estruturada, em geral, preferem manter a organização já estabelecida e morar em casas separadas".

Não é de estranhar porque alguns casais preferem manter a privacidade e não partilhar o mesmo teto. Rosa Maria argumenta que "é muito difícil se adaptar à casa do outro. Uma pessoa que, com o tempo, se acostumou a morar sozinho ou tem filhos ainda vivendo junto quer manter a estrutura da casa funcionando da mesma maneira. Casais jovens ainda têm a ideia romântica de que casar é dividir a casa. Casais maduros já não pensam mais tanto assim. Eles têm suas rotinas de vida organizadas e abrir mão disso para tentar se adaptar à vida a dois é muito complicado".

E o ciúmes? A questão da confiança no parceiro é outro ponto a favor dos mais maduros. Para a psicóloga, a maturidade do casal o ajuda a superar essa barreira. "As pessoas mais maduras têm outra visão e esses aspectos possessivos estão bem mais enfraquecidos. É mais comum elas não apostarem todas as fichas no relacionamento, afinal, elas têm outras tarefas, outros objetivos. O relacionamento não representa a vida inteira, mas uma parte dela. O que essa pessoa quer é amar e ser amada, ter alguém que mantenha sua autoestima elevada. Enfim, alguém que supra suas necessidades para aquele momento", diz.

Há quem acredite que um relacionamento que se mantenha com o casal vivendo em casas separadas perde o romantismo, mas pode ser justamente o oposto. "Optar por viver sob o mesmo teto é uma escolha que deve ser feita com prudência. Os probleminhas do dia-a-dia – desde a tampa da privada que ficou levantada até contas para pagar e a criação dos filhos – são motivos para discussão e desavenças. Se cada um tem seu canto, cada um pode cuidar sozinho dos próprios problemas e, quando estão juntos, curtem somente a 'parte boa' da relação. É saudável para a relação que cada um tenha seus momentos particulares, de privacidade", defende Rosa Maria.

Seja como for, o critério que teve mais peso na opção dos casais do estudo denominado LAT foi o amor. "Se a mulher ou o homem trabalha bastante, tem filhos ainda vivendo em casa, tem a vida toda estruturada, vai achar melhor manter o relacionamento se morarem em casas separadas. A diferença desse tipo de relação é que os momentos de lazer a dois e a conturbada vida diária precisam ser agendados: uma viagem, um jantar, um encontro. O companheirismo, a amizade, a boa companhia, os interesses comuns e o amor permanecem inalterados", finaliza a especialista.

Um comentário:

Unknown disse...

Vou estudar esse texto como tarefa de casa! rsrsrs
Quero aprender...