REVISTA BRASILEIROS
Desde Mao, Stalin e Hitler não se via tamanho culto a uma personalidade como aquele que experimentamos após o passamento de Jobs. A imprensa o comparou a Thomas Edison, Alexander Graham Bell, Guglielmo Marconi. Bobagem! Esses citados não serviriam para limpar o visor do iPod do homem da Apple. Buda, Cristo e Moisés seriam melhores equivalentes.
Mas as multidões de adoradores não levaram a mal a falta de respeito dos jornais. Foram em peregrinações às lojas da Apple, levando maçãs, velas, fotos, flores, ursinhos de pelúcia (aqui, o bichinho é de rigor nos tributos ao rigor mortis). Cantavam Imagine (obra imortal de John Lennon), com letra aprendida após baixarem (ao preço de US$ 1,99) a canção no iTunes. Em prantos, nem sequer conseguiam escrever mensagens no Twitter. O máximo que os dedinhos trêmulos grafavam era: "OMG! Jobs... sob, sob!".
Foi quando me ocorreu: "Ei, o mundo não pode acabar assim! Com certeza, o Redentor deixou alguma válvula de escape. É claro. Ele pensou, como sempre, numa solução". E na minha mente uma imagem clara - em alta definição - explodiu em milhões de pixels. Um iSarcófago!
Será portátil. Os primeiros - exclusivíssimos - serão negros (como uma lápide, sacou?) e finos. O iSarcófago 1 (sim, porque depois de um tempo, virão os 2, 3, 4, 4-S, 5, 5-S e assim por diante) será capaz de colocar qualquer pessoa em contato direto com o Deus de Silicon Valley. O instrumento tornará obsoletas as sessões espíritas.
Baixando aplicações (a custos módicos entre US$ 1,99 e US$ 10), até um orangotango poderá obter ferramentas para contatar o além. Quer falar com um preto velho? É só clicar no ícone do velhinho de carapinha branca, fumando cachimbo.Zifí precisa de trabaio mais forte? Basta acionar a figura do iOgum e os Angry Birds com farofa.
Para Jobs, os fieis poderão oferecer maçãs virtuais, flores, velas, ursinhos de pelúcia, além de marafa e charutos. Tudo acomodado num congá virtual e com trilha sonora com o rufar de atabaques. O profeta aparecerá na tela, vestindo a indefectível malha preta com gola olímpica (ou gola goleiro, para os cariocas) e jeans escuros, e nos dirá aquilo que o futuro reserva para a humanidade, além de lançar produtos novos
da Apple.
Vai ser, é claro, quase impossível conseguir um iSarcófago nos dois primeiros meses. Mas, depois, as filas quilométricas de fregueses alucinados diminuirão e qualquer mané poderá comprar o iSarcófago 1. Para logo depois descobrir que já está com instrumento obsoleto, pois estarão anunciando o iSarcófago 2.
Já já vão surgir os primeiros iSarcófagos. Portáteis, serão negros, como uma lápide, e finos. Com certeza, vão tornar obsoletas as sessões espíritas
por OSMAR FREITAS JR., de Nova York
Steve Jobs, gênio único na história da humanidade, morreu às 15 horas (horário do Pacífico, nos EUA), no dia 5 de outubro. Às 16 horas, eu já estava ansioso, em contagem regressiva para o próximo lançamento da Apple. Será, sem dúvida, o iSarcófago. O instrumento, com design arrojado, superfino, negro e com detalhes em aço escovado, incorpora (em mais de um sentido) a divindade que deixou a forma corpórea. Partículas do fundador da empresa vão servir de chips no magnífico aparelho.
Desde Mao, Stalin e Hitler não se via tamanho culto a uma personalidade como aquele que experimentamos após o passamento de Jobs. A imprensa o comparou a Thomas Edison, Alexander Graham Bell, Guglielmo Marconi. Bobagem! Esses citados não serviriam para limpar o visor do iPod do homem da Apple. Buda, Cristo e Moisés seriam melhores equivalentes.
Mas as multidões de adoradores não levaram a mal a falta de respeito dos jornais. Foram em peregrinações às lojas da Apple, levando maçãs, velas, fotos, flores, ursinhos de pelúcia (aqui, o bichinho é de rigor nos tributos ao rigor mortis). Cantavam Imagine (obra imortal de John Lennon), com letra aprendida após baixarem (ao preço de US$ 1,99) a canção no iTunes. Em prantos, nem sequer conseguiam escrever mensagens no Twitter. O máximo que os dedinhos trêmulos grafavam era: "OMG! Jobs... sob, sob!".
Foi quando me ocorreu: "Ei, o mundo não pode acabar assim! Com certeza, o Redentor deixou alguma válvula de escape. É claro. Ele pensou, como sempre, numa solução". E na minha mente uma imagem clara - em alta definição - explodiu em milhões de pixels. Um iSarcófago!
Será portátil. Os primeiros - exclusivíssimos - serão negros (como uma lápide, sacou?) e finos. O iSarcófago 1 (sim, porque depois de um tempo, virão os 2, 3, 4, 4-S, 5, 5-S e assim por diante) será capaz de colocar qualquer pessoa em contato direto com o Deus de Silicon Valley. O instrumento tornará obsoletas as sessões espíritas.
Baixando aplicações (a custos módicos entre US$ 1,99 e US$ 10), até um orangotango poderá obter ferramentas para contatar o além. Quer falar com um preto velho? É só clicar no ícone do velhinho de carapinha branca, fumando cachimbo.Zifí precisa de trabaio mais forte? Basta acionar a figura do iOgum e os Angry Birds com farofa.
Para Jobs, os fieis poderão oferecer maçãs virtuais, flores, velas, ursinhos de pelúcia, além de marafa e charutos. Tudo acomodado num congá virtual e com trilha sonora com o rufar de atabaques. O profeta aparecerá na tela, vestindo a indefectível malha preta com gola olímpica (ou gola goleiro, para os cariocas) e jeans escuros, e nos dirá aquilo que o futuro reserva para a humanidade, além de lançar produtos novos
da Apple.
Vai ser, é claro, quase impossível conseguir um iSarcófago nos dois primeiros meses. Mas, depois, as filas quilométricas de fregueses alucinados diminuirão e qualquer mané poderá comprar o iSarcófago 1. Para logo depois descobrir que já está com instrumento obsoleto, pois estarão anunciando o iSarcófago 2.
2 comentários:
Nossa, este Osmar é genial. Que coisa de doido!
...Muito bom....!
Postar um comentário