AGENDA CULTURAL

30.1.12

Não deixe a rotina e os hábitos levarem seu relacionamento à falência


Vilões do relacionamento a dois

Llana Ramos - www.maisde50.com.br

Armário bagunçado, louça suja na pia, tolha molhada em cima da cama. Pequenos hábitos da rotina podem ser muito irritantes para o casal quando não há tolerância e compreensão. É preciso haver adaptação aos hábitos do outro, capacidade que tende a ser cada vez menor conforme os anos passam. Para evitar brigas, e até separações, é preciso que haja muita conversa e entendimento porque, afinal, ninguém é igual. Entenda quais são os maiores vilões do relacionamento e como impedir que eles infernizem a vida a dois.

São coisas simples, pequenas, até irrelevantes – se você considerar que acontecem apenas de vez em quando. No entanto, quando repetidas continuamente, geram grande desconforto. É o que diz a comerciante Rosilene Silva, de 51 anos: "fui casada durante 17 anos e já estou divorciada há 11. Incomodava muito em mim hábitos que meu parceiro tinha como não abaixar a tampa da privada após usar o banheiro, escovar os dentes com a porta do banheiro aberta, sem se incomodar que a parceira veja a espuma ao redor da boca e os cuspes. Mas o que eu mais odiava mesmo é quando ele atrapalhava meu sono, ligando a TV ou fazendo barulho. Meu marido, na maioria das vezes, não compreendia isso. Hoje, eu não suporto ver TV no quarto".

Conviver não é fácil. A convivência envolve hábitos, costumes, gostos e rotinas diferentes. Segundo a psiquiatra, chefe do setor de Psicoterapia da Santa Casa de Misericórdia, no Rio de Janeiro, Vera Lemgruber, "a adaptação geralmente tem que ocorrer logo no início do casamento. Se a pessoa tem mais de 50 anos, ela deve ter tido tempo para adaptar-se às rotinas. A pessoa madura é capaz de se reinventar, dar um novo significado ao seu passado. Mesmo assim, no cotidiano, ela quer cada vez mais conforto, ela precisa de certas coisas. Quem está entrando em um novo relacionamento agora vai sentir grande dificuldade de adaptar-se a uma nova rotina. Mudar de hábitos é complicado, especialmente nessa idade".

Contudo, é possível, sim, encontrar um ponto de equilíbrio e lidar bem com as dificuldades da convivência. Levy Delfino, 75 anos, está casado há 57 com a mesma mulher e o que mais lhe incomoda já nem são os hábitos da rotina. "Já passamos momentos difíceis para criar e educar cinco filhos, mas não há como odiar nada. Às vezes fico chateado quando ela quer controlar as cervejas, as quais não passam de duas ou três nos finais de semana. Chateia também quando quero levá-la em alguma festa, mas ela não quer ir e eu também deixo de sair. Ela toma decisões apressadas e quer resolver tudo rapidinho, e eu já sou mais calmo e ponderado antes de qualquer decisão. Mas o motivo que mais me aborrece é quando ela lembra o passado, principalmente os mais trabalhosos, e fica triste. Tento explicar que devemos viver somente no agora, no presente, mas ela não me ouve até esquecer o assunto", conta o aposentado.

Quando flui, o casamento pode ser muito bom. No entanto, mesmo existindo o amor entre o casal, nem sempre é fácil adequar os hábitos e conviver sob o mesmo teto. Nesse caso, Vera argumenta que pode uma boa opção é viver em casas separadas. "São duas pessoas que precisam adaptar-se à rotina do outro. Elas precisam aprender a administrar, juntas, o casamento e as relações custo-benefício da convivência. Se os benefícios forem maiores, vale a pena engolir a chateação e adaptar-se. Porém, se os custos da relação sob um mesmo teto forem muito altos, eles podem optar por morar separados, sem acabar com a relação. Vida a dois é trabalho de administrador de empresas, tem que ter um acordo ou não dá para viver", diz.

Depois dos 50, mudar não é nada fácil. No entanto, estar disposto a fazer isso já faz uma grande diferença na vida do casal. Vera diz que "pessoas com mais de 50 anos têm a tendência de serem mais rígidos com algumas coisas, talvez até pelas limitações do próprio físico. Mas aqueles que se percebem intolerantes a certas coisas menores devem tomar cuidado para não ser um velho chato. Uma conversa é sempre boa para resolver essas questões da convivência. É o que a garotada hoje em dia chama de DR, ou discutir a relação, que muita gente da nossa geração, mais madura, não sabe fazer. Homem, então, foge que nem o diabo da cruz. Mas é sempre bom ter uma 'DRzinha' de vez em quando, para ajustar certos pontos"

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