Hélio
Consolaro*
Há
pessoas que são amigas de uma forma legal, bem gratuita, sem cobrança. Gostam
uma da outra, aquela identificação que apenas o universo explica.
Nem
sei como conheci Paulo Aruca, porque nunca trabalhamos juntos, fazendo parte da
mesma redação de jornal. Quando cheguei à Folha da Região, Araçatuba, em novembro de 1995, ele já havia saído.
Sempre me passava e-mails, nada de “spam”, bem
pessoais, para cumprimentar, dizer que estava me lendo. Outras vezes,
telefonava. Ele tinha a idade de meu irmão mais novo.
De
repente, descobri que trabalhava no jornal A Tribuna, de Jales, me convidou
para escrever semanalmente para o jornal. Depois, constatei que era
editor-chefe. Assim comecei a mandar
minhas crônicas semanais para ele. Escrever para mim, como já disse o
escritor mexicano Carlos Fuentes, é estar de férias.
Eu
recebo apenas o exemplar de domingo de “A Tribuna”, procurei não saber qual era
a sua linha editorial, a favor ou contra, muito pelo contrário, pois essas
coisas são efêmeras. Às vezes, se vê jornalista que não administra nem sua
própria vida, criticando a administração pública; essa afirmativa é válida para
os políticos. Gregório de Matos, poeta baiano, escreveu sobre isso muito bem: A
cada canto um grande conselheiro, / Que
nos quer governar cabana e vinha;/ Não
sabem governar sua cozinha, / E
podem governar o mundo inteiro.
Ao escrever para jornais de outras cidades, fico nas amenidades, nos temas
existenciais. Todas as minhas colunas por aí se chamam “Blog do Consa”. Na
política, as contradições humanas se revelam com muita força e evidência.
Quando
eu e Paulo nos falávamos por telefone, ou teclávamos pelo Facebook, ele prometia
que na próxima vinda a Araçatuba, iríamos tomar uma cerveja, mas isso nunca
ocorreu. Afinal, ele ficava mais com a família. No velório, descobri que tinha
até nora.
Se
fosse eu o falecido, com certeza, Paulinho teria mais coisas para escrever
sobre mim, porque era mais atencioso, hábil e caridoso nas palavras. Como ele
foi primeiro, antes do combinado, tão novo, fico eu em estado de choque com
minhas pobres palavras de croniqueiro, tentando fazer esse panegírico póstumo diante
de uma trajetória de vida tão rica. Soube de sua morte pela voz de Franley
Garcia Machado, diretor do jornal.
Então,
Paulo Sérgio Reis Aruca, um amigo cuja amizade superava distâncias, a cerveja
ficou para nosso encontro no céu, no inferno ou no espaço sideral, se nesses
lugares houver também botecos.
Hélio Consolaro é professor, jornalista, escritor. Atualmente é secretário municipal de Cultura de Araçatuba-SP
Uma grande perda
Com
tristeza fiquei sabendo alguns dias depois do falecimento do jornalista
Paulo Reis Aruca. O Paulinho, como era conhecido pelos amigos e
colegas, era um grande
profissional e amigo de longa data. Trabalhamos juntos na Folha da
Região em
1994, onde nos tornamos amigos e depois perdemos contato. Mas 11 anos
depois
por essas coincidências da vida nos encontramos num Congresso dos
Jornalistas no
Rio de Janeiro. Na verdade eu nem o tinha reconhecido, pois estava mais
gordo e
reconchudo. Mas Paulinho assim que me viu, mesmo como muitos cabelos a
menos e
com mais idade, já me chamou pelo nome e veio me dar um grande abraço.
Na época Paulinho já era editor-chefe do jornal em Jales. Ficamos
hospedados no mesmo hotel e lá, num
dos bares do Rio, de vista para o mar, pudemos tomar algumas cervejas e
brindar
pelos nomes dos amigos em comum que fizemos em Araçatuba e ele, de boa
memória,
fazia questão de recordar. Foi uma grande perda para a imprensa
interiorana. Profissional sério, dedicado, honesto e pessoa de grande
caráter.
Nelson Gonçalves, jornalista - São José do Rio Preto-SP.
4 comentários:
Sinto muito...embora não conheça nem o senhor, nem ele, nem ninguém de Araçatuba. Só virtualmente. Mas dá pra sentir no seu texto o quanto o senhor preza suas amizades. Eu também prezo muito as minhas. Perder um amigo para a "dona Morte", como diz um amigo daí, é dose...
Será que lá em cima tem buteco? Bem que podia, né? rsrs
Meu Deus, que papo mais serrote!
Pode ser que o senhor tenha que avaliar as possibilidades de ir pro ceu ou prus infernos mas o cidadão em questão , seguramente, descança em paz ao lado Dele. Modifique a sua vida e xconseguirás reencontar o amigo, caso contrário....
Hélio com certeza a cerveja, a carne, ficaram mais amarga. Meu pai era minha referencia no jornalismo e é muito difícil encontrar as palavras necessárias para descreve-las. Irei me lembrar dele como a pessoa que me ensinou a viver. A cerveja que você não tomou com ele, poderíamos tomar junto para lhe contar o quanto maravilhoso era Paulo Reis Aruca.
Jermanie:
Deixemos passar o luto, marcaremos a cerveja. O encontro com a família e a bebida serão muito especiais.
E-mail: conselio@gmail.com
Abraços
Hélio Consolaro
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