Hélio
Consolaro*
O
ator Thiago Klimeck se enforcou acidentalmente durante a encenação da peça
teatral Paixão de Cristo, em Itararé. Certamente, a companhia não tinha Cipa -Comissão
Interna de Prevenção de Acidentes.
Parece
que Thiago Klimeck não era um profissional, pois encarnou tanto o papel que
quis imitar o representado Judas Iscariote, acabou se enforcando. Não soube manter a distância necessária. Ou foi ironia
do destino? Quem quererá fazer o papel do traidor na Semana Santa em 2013 na cidade de Itararé?
Não
será este croniqueiro a julgar (ou imaginar) o comportamento de um ator, mas o
fato nos deixa intrigado, porque a tragicidade representativa se transformou numa
tragédia real. Não sou especialista no assunto, mas deve ter havido outros casos
semelhantes em que o ator ou atriz se transformou em cavalo do personagem.
Não
tenho o gabarito para entrar em assunto tão polêmico, que faz parte do escaninho
da alma humana, mas posso falar da profissão de ator. Atores sãos pessoas
privilegiadas, pois podem ser quem eles quiserem na peça teatral, no filme ou na
novela. Subentende-se que entendem o outro mais facilmente.
Hoje
a profissão é muito prestigiada, cheia de plumas e paetês, mas na sociedade
norte-americana, da prestigiosa Hollywood, houve época em que os atores não
podiam ser enterrados em cemitérios públicos de tão marginalizados que foram em
vida. Eram totalmente execrados.
Apenas
sei, como secretário de Cultura de meu município, que os artistas no geral
possuem ego do tamanho de um elefante. Como cronista, um pretenso escritor, não
fujo à regra. Adoram rasgar seda quando se reúnem. E os atores praticam a
bajulação com mestria. Exemplo: “Melinsky, eu queria lhe agradecer por prestigiar
tão bem nossa cidade com sua profissão. Não só Araçatuba, mas o mundo”. “Caramba,
você está muito bem.” “Você está ótimo.” É só assistir a uma entrega do prêmio Oscar
pela televisão. Talvez esse costume fora herdado de seus antepassados, porque
se eles não se elogiassem, ninguém mais o faria.
O
marketing pessoal não é exclusividade dos artistas, embora neles seja mais
acentuado, porque já disseram que todo mundo é um outdoor ambulante de si mesmo
para ganhar a admiração de todos. Afinal, todos queremos ser amados.
Atores
e políticos têm o comportamento parecido. Os primeiros dizem que o público
daquela cidade é o melhor mundo, e político que xinga o eleitorado porque não
foi eleito tem carreira curta. Às vezes, um político habilidoso encontra um
sujeito que não gosta, ele logo diz: “Eu preciso falar com você, passe lá no
meu gabinete pra gente tomar um cafezinho”.
Então,
caro leitor, está embasbacado com os truques desse pessoal. Então. Há pessoas que
vivem trabalhando como a formiga, outros são cigarras, ganham a vida no terreno
abstrato das relações humanas. Sabe dissimular, elogiar, incluir e não ser
preconceituoso. Tais pessoas entenderam que a vida é um palco e nele somos
todos atores.
*Hélio
Consolaro é professor, jornalista, escritor. Atualmente é secretário municipal
de Cultura de Araçatuba-SP
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