AGENDA CULTURAL

14.5.12

Abre a porta e a janela - Tinoco

Quando menino tabaréu, este blogueiro com o irmão Gegê pegava o cavaquinho de Seu Luís, nosso pai, que também não tocava quase nada, mas era nosso herói, fazíamos de conta de tocar e cantar "Cana verde". Nem sabia da existência Tonico e Tinoco, a pobreza era tanta que não tínhamos rádio. Era a música que o pai cantava. 
Na segunda tentativa de aprender a tocar algum instrumento, já com 30 anos, consegui tocar no violão "Asa branca", de Luís Gonzaga, com o mestre Alfredo, mas não tive paciência comigo mesmo e deixei pra lá. Assim, hoje, só toco sino de igreja. Como isso não existe mais, não toco nada.

Cana Verde

Abra a porta e a janela
Venha ver quem é que eu sô
Sô aquele desprezado
Que você me desprezô

Eu já fiz um juramento
De nunca mais ter amô
Pra viver penar chorando
Por tudo lugar que eu vô

Quem canta, seu mal espanta
Chorando será pió
O amô que vai e volta
Na volta, sempre é mió

Chora viola e sanfona
Chora triste o violão
Se o que é madeira chora
Que dirá meu coração

    

Originalidade e voz marcante são destaques da trajetória de Tinoco

Cantor morreu aos 91 anos, após uma parada cardíaca. Formando dupla com seu irmão Tonico por quase 60 anos, Tinoco é reconhecido por músicos e fãs pelo seu talento e sucesso na música sertaneja.



O cantor sertanejo José Perez, mais conhecido como Tinoco, morreu aos 91 anos de idade, na sexta-feira (4/5/2012). Junto com o irmão Tonico, formou a dupla mais original e uma das mais importantes da história da música caipira, um dos pilares da época de ouro da música do centro-sul do Brasil. Compositor, instrumentista e cantor de voz marcante, Tinoco era uma pessoa expansiva e bem humorada.

Na sua forma sempre espirituosa de contar as coisas, Tinoco dizia que não tinha uma terra natal, mas três. Quando nasceu, sua casa ficava no município de Botucatu, interior de São Paulo. Uma posterior revisão de limites colocou o lugar em São Manuel. Finalmente, por força de emancipação, o distrito de Pratânia separou-se de São Manuel e, hoje, o lugar onde nasceu Tinoco fica em Pratânia, junto ao povoado de Guarantã.

Lembranças e reconhecimento

Em Pratânia, um museu relembra a trajetória da dupla. Foto da mãe, a roupa que Tinoco usou para receber o Prêmio Sharp de Música, capa de um disco lembrando o show no Teatro Municipal, fotos da história artística, um velho rádio, uma máquina de costura da mãe e um fogão de lenha são alguns dos objetos expostos.

Em maquete feita por um admirador de Tinoco, uma reprodução da colônia de café Fda Deca de Barros, onde os irmãos João e José passaram parte da infância e juventude e que tanta influência teve em suas músicas.
Além do museu, há uma praça, chamada Tonico e Tinoco, com duas grandes estátuas, uma homenagem aos artistas e uma referência para quem visita a cidade.

Foi na rádio de São Manoel que Tonico e Tinoco, ainda meninos, cantaram pela primeira vez, em 1940, com a possibilidade de ser ouvidos além dos limites da colônia.

Reportagem do Estadão: O acervo escondido de Tonico & Tinoco

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