Marcelo Moreira - Jornal da Tarde
Régis é um professor de história do ensino médio com mestrado em 
sociologia política por uma boa faculdade paulistana. Encontrei-o no 
centro de São Paulo recentemente, por acaso, quando ele estava em um 
ponto de ônibus no meio da tarde. Apesar de ter pouco mais de 30 anos de
 idade, é um veterano da cena roqueira de São Paulo e da Galeria do 
Rock. Conseguiu pagar parte dos estudos com o dinheiro que ganhou como 
balconista de algumas lojas de CDs.
Expansivo e falante, tinha acabado de sair de uma entrevista de 
emprego em uma empresa de análise de crédito pessoal. Pela manhã 
estivera entregando currículo em duas escolas particulares da zona norte
 da cidade e no dia anterior tinha tentado uma vaga em uma empresa de 
pesquisa de mercado na avenida Faria Lima, em Pinheiros.
Professor apaixonado e especializado em história da Alemanha antes da
 Segunda Guerra Mundial e especialista também em história militar da 
Europa, estava desempregado havia cinco meses, após ser demitido de uma 
escola particular da zona sul. Motivo da demissão: “inadequação” ao 
perfil pedagógico da instituição. “Descobriram isso depois de quatro 
anos…”, ironizou.
Régis foi vítima de preconceito cultural, se é que isso existe. Após 
insistir muito com a coordenadora pedagógica da área de humanas da 
escola, finalmente confirmou as suas suspeitas: alguns pais e colegas 
professores se queixaram à direção dos “hábitos” e dos “gostos 
excêntricos e perturbadores”.
Roqueiro desde os 10 anos de idade e apaixonado por heavy metal, 
baterista ocasional, vocalista frustrado e péssimo violonista, era um 
dos profissionais mais queridos dos alunos, até pelo jeito expansivo e 
pela inteligência e cultura vasta.
 
 
 
3 comentários:
Hélio, achei a notícia absurda, poucos tem a consciência de que é preciso refletir sobre isso... de que não devemos julgar uma pessoa e sua profissão pelas escolhas pessoais que ela faz.
O Brasil é um falso país moderno, que ainda se apega em coisinhas banais e arcáicas, dizendo-se um Estado Laico e respeitando as escolhas pessoais e religiosas do próximo, porém vemos que é ao contrário, a lei, os discursos perante o outro, existem, mas na mentalidade das pessoas não é bemmm assim que a coisa funciona rsrs.
Num país predominantemente sertanejo e funkeiro, esperar mais o que?
Infelizmente é assim que funciona. E quando um artista tem seu talento suprimido por quem deveria incentiva-lo, simplesmente por que ele não é considerado "Cult" pelos pseudos intelectuais. Não é criminoso? Fazer o que? Amém! Heitor Gomes.
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