AGENDA CULTURAL

30.8.12

Nasce um amigo



Hélio Consolaro*

Ganhar um amigo é muito bom, não importa o quilate nem a coloração. Outro dia me tornei amigo do capitão Adolfo Hecht, neto do segundo prefeito de Penápolis, e fundador de Braúna. Nem nos conhecemos ainda pessoalmente, mas  conversamos muito por telefone, porque ele é “veio” rabugento, que rejeita internet. Não tem nem celular.

Parecíamos velhos amigos. A intermediação foi feita por sua sobrinha Ivana Hecht, via Facebook. Ele gosta de meus escritos no Blog do Consa, no Diário de Penápolis.

Escritor gosta de trocar livros. Devo lhe mandar os meus em breve. Adolfo Hecht rejeita o título de escritor, mas para quem publicou três livros, não escapa da denominação. Ele se diz contador de histórias, escritas, então pode ser chamado de escritor.

 Com os livros, veio uma longa carta datilografada (Remington, Olivetti?), composta de três páginas. Lembrei-me de quando comecei a escrever em 1977 ao Jornal A Comarca, de Araçatuba. Entregava as laudas na redação minhas crônicas assim.   

Como foi vereador de Penápolis por dois mandatos, neto de ex-prefeito, Adolfo Avoglio Hecht (este é o seu nome completo) tem nas veias a história de Penápolis. Não posso dizer que é sua cidade natal, porque o capitão nasceu em Glicério, fazendo o ginásio no Colégio Salesiano de Araçatuba (1952-55). Mas em Penápolis, fez o Normal e o curso de Letras na Funepe (1968-1970).
Seu primeiro livro é “História de Penápolis – Apanhados de Memória e de Leitura” – foi publicado em 2008, quando Penápolis comemorou 100 anos. Composto de 92 páginas, conta a história de Santa Cruz do Avanhandava, passando para Afonso Pena e depois Penápolis.

O segundo: “Penápolis na história de seus cidadãos com nomes em próprios públicos”, 2009. Por meio de nomes de ruas, escolas, como outros logradouros, o capitão Adolfo Hecht relembra brevemente a biografia dos homenageados. Dos três títulos, ele é o mais grosso: 236 páginas.

Assim, ele vai afunilando a história do município, chegando ao terceiro livro: “Maria Chica (Maria Francisca do Carmo) - o símbolo da mulher pioneira nos campos do Avanhandava”, 2011, que foi escrito em parceria com Ricardo Alves Carneiro. Maria Chica é o córrego que corta Penápolis, que é chamada carinhosamente de “Terra de Maria Chica”. O volume tem 78 páginas, traz também em ordem cronológica a história do município, relação dos prefeitos e dos presidentes da Câmara Municipal.         

Também tenho um ex-aluno em Panorama, João Batista Marques, que se especializou em escrever livros sobre a história do município. Graças a pessoas assim que a história de nossas cidades permanece, e a memória dos antepassados não morre diante das novas gerações.

Não me importa se foi vereador pelo antigo PFL, nem se era militar do Exército justamente durante a ditadura militar. Como ele mesmo diz, pertencia à corporação, mas não praticou nenhum tipo de tortura. Águas passadas não tocam moinho.

*Hélio Consolaro é professor, jornalista, escritor. Atualmente é secretário municipal de Cultura de Araçatuba-SP

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