AGENDA CULTURAL

3.8.12

Que fazer na bienal do livro?


Hélio Consolaro*

A 22.ª Bienal Internacional do Livro acontecerá de 9 a 18 de agosto na cidade de São Paulo. Sou de uma geração que ia ao evento para renovar a minha biblioteca, buscar novidades. Tomar um banho de cultura.

Às vezes, excursões eram organizadas nas cidades do interior. Os amantes da leitura gastavam as economias do ano na bienal e voltavam felizes com as sacolas cheias de livros que, talvez, nunca seriam lidos, porque uma biblioteca doméstica nada mais é do que um projeto de leitura de seu dono. Nem sempre há tempo para ler todo o seu acervo escolhido a dedo.

Acabei de assinar um serviço da Vivo chamado “Nuvem de Livros” por R$4,00 mensais. É só querer um livro, entrar no site http://www.nuvemdelivros.com.br/vivo, digitar a senha e ter acesso a livros, museus, aulas em vídeo, etc. E o serviço estará disponível também no iPhone (celular) e outros computadores móveis.

O serviço oferecido pela Vivo não se trata de pirataria, porque o internauta não pode baixar o livro. A obra fica disponível para ser acessada por 24 horas por dias. E o conteúdo está em forma de livro mesmo, com capa, como se fosse de papel. E viram-se as páginas, podendo aumentar o tamanho das letras, marcar, etc. É um e-book on-line. Como se fosse um Dropbox, onde se colocam nossos arquivos pessoais nas nuvens.

Se eu quiser um livro de papel, à moda antiga, entro no site da Livraria Cultura, escolho-o, pago por cartão, em três dias o livro estará na porta de minha casa. E se for um livro de edição esgotada, entro nos sites dos sebos, navego por ele, escolho-o. E numa semana, tenho-o na minha estante. Que fazer na bienal?

Assim mesmo, vale a pena ir às festas literárias como Parati e Bienal do Livro de São Paulo, porque se tornaram eventos a favor da leitura e da literatura, lá se encontram os escritores vivos. Tais eventos são como uma exposição de gado do interior, onde o marketing predomina, o glamour se faz presente. Em vez de fazendas mostrando seus feitos genéticos, temos editoras divulgando seus novos produtos ou serviços. Um grande shopping Center da literatura, da leitura.

Em bienais e festas literárias, há tantos escritores disponíveis que eles deixam de ser celebridades. Em Parati, 2011, de repente, eu estava conversando com o Frei Beto num café.. Ouvia palestras de escritores estrangeiros com tradução simultânea nos meus ouvidos, etc.  

A Bienal do Livro de São Paulo é uma grande festa, nela não há só livros. Editoras evangélicas, espíritas, católicas estão lá disputando espaços. Uma oportunidade para mostrar a alunos o mundo da leitura, que há um mercado, gente lucrando, vendendo, cavando a vida com a pá da literatura.


*Hélio Consolaro é professor, jornalista, escritor. Atualmente é secretário municipal de Cultura – Araçatuba-SP  

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