AGENDA CULTURAL

9.10.12

O mensalão e a urna

Leonardo Attuch
BRASIL 247 - 9/10/2012 - Dias antes do primeiro turno das eleições municipais, o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, disse que seria “salutar” que o julgamento da Ação Penal 470, conhecida como mensalão, repercutisse nas urnas.

Se a mensagem era endereçada ao Partido dos Trabalhadores, ela não foi ouvida pelos eleitores. Abertas as urnas, o PT foi a sigla com o maior número de votos absolutos: 17,25 milhões, contra 16,68 milhões do PMDB, 13,91 milhões do PSDB e 8,58 milhões do PSB.

O PT cresceu 4,3%, mesmo percentual de queda do PSDB. O PMDB, embora tenha caído 9,8% em votos absolutos, foi a sigla que mais elegeu prefeitos: 1.016, seguida do PSDB, com 688, e do PT, com 627.  
No caso do PMDB, além da vitória consagradora de Eduardo Paes, no Rio de Janeiro, há muitas cidades de menor eleitorado espalhadas pelo País. Para o PT, se vier a vitória no segundo turno em São Paulo contra José Serra, o partido passará a ser o primeiro no ranking dos orçamentos municipais, à frente dos peemedebistas.

O desempenho do PT não significa, no entanto, que o eleitor não ligue para a ética no trato da coisa pública. Ele apenas identifica, muitas vezes, uma certa hipocrisia no discurso da oposição, que sempre financiou suas campanhas políticas de modos não muito diferentes daqueles utilizados pelo PT. E também não surpreende que o partido mais radical da oposição, o DEM, esteja praticamente em extinção. 

Embora tenha chances em Salvador, com ACM Neto, a votação da sigla encolheu 51,4% entre 2008 e 2012.
Diante desse quadro, parece ser temerária a estratégia de José Serra de recolocar no segundo turno a questão do mensalão. Rejeitado por 42% dos paulistanos, segundo o Datafolha, o ex-prefeito e ex-governador arrisca-se a facilitar o caminho de Fernando Haddad, caso insista em mover uma campanha negativa na maior cidade do País. Quem bate, perde, já ensinava Duda Mendonça.

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