Hélio Consolaro*
Publicada em 15/11/2018
Nesta quinta-feira, o Brasil comemora a Proclamação da República, que se contrapõe à
monarquia, uma forma de governo baseada na hereditariedade. O poder era tomado
e prosseguido por herança, por isso havia as dinastias.
A
república é uma forma de governo com base no liberalismo, na representação
popular. No Brasil, tal regime de governo se deu devido ao fim da escravidão, que
enfraqueceu a monarquia. Os republicanos eram tão inexpressivos que colocaram
um monarquista como primeiro presidente: Marechal Deodoro da Fonseca.
Há
um termo que está em moda na política atual: “devemos ser mais republicanos” ao
tratar a coisa pública. Trata-se de um pleonasmo diante da origem da palavra
república. Ser governo é não perseguir adversários; respeitar a oposição, por
exemplo, é ser republicano. Quando se perde a eleição, telefonar para
cumprimentar o vencedor é ter um comportamento republicano.
Existe
também a república: habitação coletiva de estudante, que tem origem na Idade
Média. Eu jurava que o nome “república” nesse sentido era ironia de monarquista.
República de estudante é um lugar bagunçado, como no regime republicano... Democracia
para alguns trogloditas ainda é sinônimo de bagunça.
Graciliano
Ramos no seu livro “Alexandre e outros heróis” apresenta “Uma pequena história
da república”. Escrita em 1940 para participar de um concurso literário da
revista “Diretrizes”. Seria a história da república brasileira para crianças. Trata-se
de um resumo irônico da história do Brasil entre os anos de 1889 (a
proclamação da República) até 1930 (ascensão de Vargas ao poder). Ele não
enobrece os fatos evocados. “Sua visão é exata, fiel, desencantada e cáustica”,
classifica alguns historiadores.
Leia
este trecho, caro leitor, para ter uma noção de como Graciliano Ramos narra a
história da Proclamação da República: “Os homens maduros de hoje eram meninos.
O Sr. Getúlio Vargas, no Sul, montava em cabos de vassoura. [...] Nesse tempo, o
chefe do governo, o Sr. Pedro II, Imperador, dispunha de longas barbas brancas
respeitáveis e nas horas de ócio estudava hebraico, língua difícil, inútil à
administração e à política. Todos os
homens
notáveis e idosos eram barbudos, conforme se vê em qualquer história do Brasil
de perguntas e respostas”.
VEJA VÍDEO
*Hélio Consolaro é professor, jornalista e escritor. Araçatuba-SP
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