AGENDA CULTURAL

15.11.21

O aroma do sucesso - Gervásio Antônio Consolaro

       


O cheiro da chuva caindo sobre a grama no pasto. Bolachinhas de chocolate. O aroma de um xampu esquecido há muito tempo. Nosso nariz tem uma forte memória, e um cheiro pode evocar numerosas emoções.

      O Olfato é o mais antigo dos nossos sentidos e deriva de um sistema de defesa ancestral, de uma época em que podíamos sentir o cheiro do inimigo (ou de nossa próxima refeição)  a distância.

      Quando aspiramos as moléculas existentes no ar se dissolvem ou se misturam ao muco existente nas fossas nasais. As células receptoras do epitélio olfativo ali presentes tem cílios, que podem detectar diferentes tipos de moléculas, e o cheiro é processado nos gânglios basais. Em fração de segundo, podemos identificar cada um dos cerca de dez mil diferentes aromas.

      Homens e mulheres emitem feromônios – sinais químicos que atuam fortemente sobre os outros, embora não possamos detectá-los de modo consciente. Os feromônios podem estar nos fluídos corporais, incluindo o suor, a saliva e o sangue. Se o cheiro realmente desempenha papel importante na atração sexual, isso explica porque pessoas que perdem o sentido do olfato também relatam a perda do impulso sexual.

      Muitos animais, quando sentem a aproximação do perigo, avisam os outros de sua espécie segregando substâncias químicas. Os seres humanos podem fazer o mesmo? Em um estudo da Universidade Rice, um grupo de indivíduos do sexo masculino usou compressas nas axilas enquanto assistiu filmes com cenas assustadoras. Posteriormente, um grupo de voluntárias foi levado a sentir o cheiro dessas compressas enquanto via imagens de rostos com expressões que iam de felicidade a medo, algumas bastante ambíguas, e tinha de identificar, acionando um botão, que emoção cada rosto transmitia, Como resultado, a maioria das mulheres interpretou as expressões ambíguas como medo, provando que o suor humano guarda relação com o estado emocional.

      Na Universidade da Califórnia, no campus de Berkeley, cientistas descobriram que uma substância química encontrada no suor masculino aumentava os níveis de cortisol – hormônio do estresse – em mulheres heterossexuais. O estudo, divulgado na revista The Journal of Neuroscience, ofereceu a primeira evidência direta de que seres humanos, assim como ratos, mariposas e borboletas, secretam um aroma que afeta a fisiologia do sexo oposto. Pela primeira vez se demonstrou que determinado elemento presente no suor masculino induz a alteração dos níveis hormonais em mulheres.

      O suor tem sido o principal elemento de estudo dos feromônios humanos, de fato, já se demonstrou que o cheiro que se concentra sob as áxilas dos homens melhora o humor das mulheres e afeta a secreção do hormônio luteinizente, envolvido na estimulação da ovulação.

     Por fim, há estudos que têm revelado que o cérebro humano dispara sinais sexuais positivos quando sentimos o cheiro natural de alguém, e negativos, quando o aroma é industrializado. Embora possamos achar que determinado perfume nos excita ou nos torna mais sedutores, a verdade nosso corpo só se liga mesmo com o aroma natural. Pense nisso antes de se encher de perfume!

Gervásio Antônio Consolaro, Diretor da AFRESP, ex-Delegado Regional Tributário, Auditor Fiscal da Receita Estadual aposentado, Administrador de Empresas, Contador e bacharel em Direito. 

E-mail:  g.consolaro@yahoo.com.br 

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