AGENDA CULTURAL

10.11.12

Alice permaneceu no país das maravilhas





  No dia 30 de setembro, a Folha da Região  em página inteira me surpreendeu com uma reportagem sobre Alice Fernandes, da jornalista Alessandra Nogueira, em sua coluna "Palmas & Palmadas". Poucas pessoas de Araçatuba se lembram dela, a não ser os sessentões. Ela imitava Rita Pavone, cantora italiana, principalmente a música "Datame un martello" nos programas de auditórios.

Alice teve pouca influência na música araçatubense e não se transformou numa estrela como prometia a garota prodígio, mas neste blogueiro a reportagem causou lembranças da infância, de um tempo difícil, mas que assim mesmo teima em deixar saudade. Depois da reportagem,  consegui entrar em contato com ela por e-mail. 

Notei em suas mensagens eletrônicas que Guararapes e Araçatuba moram dentro dela, são saudades impregnadas em seu coração. Não conhecer o pai, Tito, pois morreu quando sua mãe Georgina estava grávida dela, deixou um marca indelével em sua alma.

Eu tive uma convivência pouquinho mais próxima com Alice, pois morávamos no bairro Santana, em Araçatuba, capela São Benedito. Era o São José da atualidade. Fui seu macaco de auditório das rádios de Araçatuba, mas ela nem se lembra disso, porque a minha timidez não me deixou aproximar. Depois, ela sumiu para o menino tabaréu, porque por aqui não se chegava imagem de tevê. Ela bateu asa, foi testar seus limites.

Apenas agora fiquei sabendo de seu meteórico sucesso na capital paulista. Se quiser saber mais sobre ela, clique aqui. Na época, foi considerada garota prodígio, mas tenho a impressão de que faltaram procedimentos mais eficazes para que o seu talento fosse revelado com mais força. Alice permaneceu no país das maravilhas.

Embora insistamos que nós, seres humanos, somos individualmente diferentes, pelo menos nas impressões digitais; na verdade, não passamos de exemplares do mesmo modelo, cada um com defeitos próprios de fábrica.

Um idoso, como todos, tem saudade da infância, gosta daquela época em que estávamos descobrindo o mundo e tudo tinha a poesia da novidade. Não sou o primeiro, nem o último a ter tal sentimento. A velhice tem  o gosto da mesmice, a única novidade é a morte, como ocorreráEscreveu o Marquês de Maricá: "Estuda-se mais na velhice para bem morrer do que se estudou na mocidade para bem viver".  

Os melhores votos nessa fase da vida é que tenhamos uma boa morte, pois já que é inevitável, que não seja tão dolorosa.

Então, caro internauta, o papo aqui é de velho curtindo as particularidades de um tempo que apenas estão nas fotos, nas gravações, na memória de nosso computador natural, o cérebro. Lembranças... 

Caro jovem, se não chegou até o fim da leitura, nada perdeu, curta o viço de sua vida. Aprendemos muito mais com nossas próprias cabeçadas. Como o nosso fim está próximo, desesperadamente queremos deixar nossos passos marcados na calçada da imortalidade para que não sejamos esquecidos. Um jeito especial de não aceitar nossa finitude.
 
Alice Fernandes, hoje, com 59 anos
 A menina Alice anda vive nessa mulher, está no olhar. 


     

4 comentários:

Flores da Vergonha disse...

Prezado Hélio, como sempre "o menino é o pai do homem."

Marcia Gomes Freire disse...

Sim conheci Alice Fernandes muito de perto.Minha irmã Tânia também cantava na rádio, nos programas de auditório. Bons tempos. Ela era realmente muito talentosa.ficava embevecida ao ve-lá cantar date-me martelo era a própria Rita Pavone. Saudade

Osmair Peres disse...

Conheci Alice em Jales. Trabalhava na Rádio Assunção e a garota deu um verdadeiro show na cidade. Conheci também a Sra Georgina. Bela época

osmar disse...

Caro Hélio. Conheci Alice em Jales nos idos 1965. Eu trabalhava na Rádio Assunção onde esta garota deu um show de interpretação em um sábado à noite. No dia seguinte tive o prazer dia de ciceronar ela e sua mãe Georgina pelas ruas de Jales até que chegasse o horário do onibus que chegasse o onibus de Jales até Araçatuba.