AGENDA CULTURAL

8.12.12

A turma do atraso ataca novamente



Hélio Consolaro*
 Se eu fosse um sitiante que morasse na Prata ou na Jacutinga, bairros rurais de Araçatuba, metido nas lides  agrícolas e pastoris, é bem provável  de que eu ficaria apreensivo com a notícia da instalação de uma usina de resíduos sólidos na circunvizinhança. E se chegasse um vereador ou uma vereadora prometendo que ia impedir tal fato, apenas para ser do contra, sem melhores argumentações, talvez me sentisse amparado e agradecido.

Meu pai nasceu na Água Limpa, eu nasci em Cafezópolis, ambos bairros rurais de Araçatuba. Com todo esforço deles, meus pais estudaram os filhos, abrindo horizontes para que eu pudesse melhor interpretar a realidade. Além disso, contribuiu para a minha visão macro de Araçatuba, a militância política: seis anos como vereador e quatro no cargo de secretário da Cultura. Isso me ajudou a descobrir como há espertos que gostam de iludir a população. 

Pôr o antigo Departamento de Água e Esgoto sob nova direção era um assunto tabu no meio político de Araçatuba, a turma do atraso esperneou, aliou-se  aos interesses corporativos. O prefeito Cido Sério (PT) peitou, enfrentou a oposição raivosa, inclusive nos tribunais, e conseguiu conceder a autarquia à iniciativa privada por 30 anos e ainda se reelegeu. A população entendeu a proposta. O município precisa deslanchar.

Neste novo assunto, mantive uma conversa com meu colega Jorge Hector Rozas, secretário municipal de Meio Ambiente e Sustentabilidade, porque quis entender bem o assunto, pois se a “turma do atraso” está contra, a proposta deve ser boa. A empresa Guatapará Ambiental comprou uma área de seis alqueires para montar uma indústria de aproveitamento do resíduo sólido de toda a região. Fiquei sabendo que outra empresa está fazendo o mesmo em Coroados (a Solvi). O empresariado brasileiro está descobrindo a riqueza do lixo.

Quem dá autorização para instalação deste tipo de indústria é o Governo do Estado de São Paulo, dirigido pelo PSDB, que faz oposição ao governo Cido Sério (PT). É só a Cetesb não autorizar para impedir a instalação da indústria, mas não  basta só isso, de uma vontade política  contrária, porque o projeto é bom, moderníssimo, atende ao mais alto padrão tecnológico. A Cetesb sabe que impedir  a instalação do projeto da Guatapará Ambiental é burrice. Como impedir o de Araçatuba e autorizar a de Coroados?
Não pode ser mais assim: causa doença, prejudica o planeta

A oposição predadora da Câmara Municipal não conseguiu que seu governo estadual impedisse o projeto, resolveu pôr em votação uma proposta que proibisse de Araçatuba receber lixo da região. Com o voto contrário de alguns vereadores, podemos perder a indústria para Coroados.

Você sabe, caro leitor, para onde vai o lixo industrial de Araçatuba atualmente? Para a progressista São José do Rio Preto (tão citada como exemplo pelos tucanos araçatubenses), que recebe todos os lixos de outras cidades, porque lixo hoje não quer dizer porcaria, é uma  grande riqueza que precisa ser aproveitada.     

Impedir a industrialização do resíduo sólido é uma atitude sustentável? Impedir o aproveitamento do lixo está ecologicamente correto? Que o lixo de outras cidades venha para cá, para que ele seja transformado em riqueza, gerando novos empregos. Afinal, não se trata de fazer um aterro nos velhos moldes, desvalorizar as propriedades ao redor.
Pode ser assim

A turma do atraso não quer o avanço de Araçatuba, por que com o progresso eles estão ficando para trás, estão perdendo o controle  do município.   

*Hélio Consolaro é professor, jornalista, escritor. Atualmente é secretário municipal de Cultura de Araçatuba-SP

2 comentários:

VALTENIR PEREIRA DIAS TUTA disse...

Participei da reunião na Câmara e estou também interessado no assunto. É preciso que a população o analise com muito cuidado, sem se deixar levar pelo interesse de grupos políticos, ou de pessoas,em se promover rapidamente com vistas às próximas eleições, que, muitas vezes só cuidam de olhar para o próprio umbigo, como é comum em Araçatuba. Dava perfeitamente para perseber que haviam duas correntes de direita, questionando: a do Deputado Dilador e a do Paulielo. Será que, se essa obra acontecer, ao invés de Araçatuba ser chamada de "cidade do lixo", não poderá também ser tida como "cidade da sustentabilidade com desenvolvimento"? Afinal, as empresas procurarão cidades em que não terão problema no tratamento de seus resíduos para se instalar. É preciso olhar para além do horizonte e exercer o papel de líder regional, que cabe a nossa cidade! Será um bom motivo para exigir, depois, apoio do governo do estado para nossos projetos: a cidade será importante, politicamente, para qualquer político!

Matheus Barros disse...

Grande hélio, Lendo nos dias de hoje esta publicação é de se pensar, qual seria o impacto na região em que seria implantado? diga-se de passagem povoada por agricultores familiares, que abastecem diversos locais de Araçatuba com seus alimentos, rota do "cicloturismo" contando até com praça de apoio para os mesmo ( que por sinal ficaria de frente a unidade de tratamento de resíduos). Araçatuba poderia até receber porém a análise para a escolha do local deveria ser criteriosa, analisando diversos fatores.
Além dos interesses políticos por trás disso tudo, o que valeu foi a vitória dos verdadeiros povos da região Água limpa, prata e Jacutinga e mais do que isso a vitória ambiental de uma área cercada de nascentes que abastecem os córregos desta região.
Enfim como a escolha pela área por parte da empresa foi precipitada, o avanço na "industrialização dos resíduos" como você disse foi inibido através da lei ordinária 7725 2015, que vai permitir que a nossa região rural de Araçatuba continue pujante dentre vizinhos. E cabe a todos tanto município quanto população encontar meios de termos melhores atitudes sustentáveis, aliados a geração de riqueza.

Obs. A fins apenas de informação para os leitores, a área que pertencia a Guatapará hoje, encontrasse em obras, e vai fazer parte de um grande haras de Araçatuba, além disso anteriormente havia sido penhorada na justiça devido a dívidas do grupo Estre no qual a Guatapará faz parte.