Hélio
Consolaro*
Na
década de 60, as famílias araçatubenses, as mais bem aquinhoadas, mandavam seus
filhos para fora, quando chegava a época de fazer faculdade. Procuravam as
universidades públicas. Essa preocupação hoje não é tão densa como antigamente.
Os
portadores de grandes asas faziam cursos bons fora, e, nós, os sem-asas,
fazíamos o curso superior por aqui mesmo: trabalhando durante o dia e estudando
à noite no maior sacrifício. Continuávamos o curso noturno da escola pública
(primário, ginásio e colégio). Da escola pública passávamos para a escola
particular.
As
faculdades particulares de Araçatuba da época (já na década de 70) ofereciam
cursos cujo único instrumento era a saliva do professor, baseados na
verborragia (ciências humanas). Elas não investiam em cursos mais técnicos. A
realidade hoje mudou.
A
burguesia local sonhava manter o filho por aqui também, fazendo medicina. A FEA
era uma promessa para realizar o sonho.
Este
sonho, hoje, está mais diluído, mas ele era forte na época, pois hoje a
comunicação não tem distância e as estradas são melhores. Só para
contextualizar, na época da criação da Fundação Educacional de Araçatuba, este
blogueiro estava no 2.º Normal, em 1967. O município não oferecia curso
universitário à noite (nem o Toledo), por isso, em 1969, tive que frequentar o
período noturno em Penápolis, fazendo letras (curso existente em Araçatuba). Eu
viajava todos os dias e trabalhava durante o dia na Divisão Regional Agrícola,
como escriturário, funcionário público estadual (emprego conseguido por
concurso público).
Fundação
Educacional Araçatuba - FEA foi criada pela Lei Municipal 1306/67 de 27 de
março de 1967. Os governantes municipais preferiram investir no ensino
particular mesmo, abandonando o projeto de ter uma grande fundação educacional,
como ocorreu com Adamantina, Andradina, Fernandópolis.
Em
Penápolis, também era fundação municipal, a Funepe, mas apequenou-se, não
souberam aproveitar o sucesso. Em 1969, quando fiz vestibular, ela era o triplo
do que hoje é a UniToledo. Infelizmente, a Fundação Educacional de Araçatuba
nunca cresceu. Funcionou por muito tempo apenas com um curso de prótese (nível
médio).
Ela
passou a ter mesmo curso superior em 1989, quando o Conselho Estadual de
Educação (CEE), entidade pública e responsável pela fiscalização dos parâmetros
pedagógicos da instituição, aprovou a abertura do curso noturno de Ciências
Econômicas, com uma oferta inicial de 160 vagas.
Em 1999, começou a oferecer vários cursos. Em 2013, a
procura por cursos na FEA é tão grande que causou um certo problema, não pôde
acolher a todos. Atualmente, ela é classificada como fundação pública,
portanto, faz parte do orçamento municipal de Araçatuba.
Atualmente, faço parte de seu Conselho de Curadores,
representando o Rotary, e sei que nela o ensino é levado a sério, os cursos: administração,
psicologia, economia, pedagogia, biologia e matemática. Ainda há cursos de
pós-graduação.
Mas há sempre uma pergunta: quem estuda na FEA, qual
é o perfil de seus alunos? Para administração do prefeito Cido Sério (PT),
preocupada com a inclusão social, conhecer isso é muito importante. Mas o assunto fica para a próxima coluna.
*Hélio
Consolaro é professor, jornalista, escritor. Secretário municipal de Cultura,
membro do Conselho de Curadores da Fundação Educacional de Araçatuba.
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