AGENDA CULTURAL

1.2.13

Fundação Educacional de Araçatuba




Hélio Consolaro*

Na década de 60, as famílias araçatubenses, as mais bem aquinhoadas, mandavam seus filhos para fora, quando chegava a época de fazer faculdade. Procuravam as universidades públicas. Essa preocupação hoje não é tão densa como antigamente.
Os portadores de grandes asas faziam cursos bons fora, e, nós, os sem-asas, fazíamos o curso superior por aqui mesmo: trabalhando durante o dia e estudando à noite no maior sacrifício. Continuávamos o curso noturno da escola pública (primário, ginásio e colégio). Da escola pública passávamos para a escola particular.
 As faculdades particulares de Araçatuba da época (já na década de 70) ofereciam cursos cujo único instrumento era a saliva do professor, baseados na verborragia (ciências humanas). Elas não investiam em cursos mais técnicos. A realidade hoje mudou.

A burguesia local sonhava manter o filho por aqui também, fazendo medicina. A FEA era uma promessa para realizar o sonho.
Este sonho, hoje, está mais diluído, mas ele era forte na época, pois hoje a comunicação não tem distância e as estradas são melhores. Só para contextualizar, na época da criação da Fundação Educacional de Araçatuba, este blogueiro estava no 2.º Normal, em 1967. O município não oferecia curso universitário à noite (nem o Toledo), por isso, em 1969, tive que frequentar o período noturno em Penápolis, fazendo letras (curso existente em Araçatuba). Eu viajava todos os dias e trabalhava durante o dia na Divisão Regional Agrícola, como escriturário, funcionário público estadual (emprego conseguido por concurso público).          
 Fundação Educacional Araçatuba - FEA foi criada pela Lei Municipal 1306/67 de 27 de março de 1967. Os governantes municipais preferiram investir no ensino particular mesmo, abandonando o projeto de ter uma grande fundação educacional, como ocorreu com Adamantina, Andradina, Fernandópolis.

Em Penápolis, também era fundação municipal, a Funepe, mas apequenou-se, não souberam aproveitar o sucesso. Em 1969, quando fiz vestibular, ela era o triplo do que hoje é a UniToledo. Infelizmente, a Fundação Educacional de Araçatuba nunca cresceu. Funcionou por muito tempo apenas com um curso de prótese (nível médio).     
Ela passou a ter mesmo curso superior em 1989, quando o Conselho Estadual de Educação (CEE), entidade pública e responsável pela fiscalização dos parâmetros pedagógicos da instituição, aprovou a abertura do curso noturno de Ciências Econômicas, com uma oferta inicial de 160 vagas.

Em 1999, começou a oferecer vários cursos. Em 2013, a procura por cursos na FEA é tão grande que causou um certo problema, não pôde acolher a todos. Atualmente, ela é classificada como fundação pública, portanto, faz parte do orçamento municipal de Araçatuba. 

Atualmente, faço parte de seu Conselho de Curadores, representando o Rotary, e sei que nela o ensino é levado a sério, os cursos: administração, psicologia, economia, pedagogia, biologia e matemática. Ainda há cursos de pós-graduação.

Mas há sempre uma pergunta: quem estuda na FEA, qual é o perfil de seus alunos? Para administração do prefeito Cido Sério (PT), preocupada com a inclusão social, conhecer isso é muito importante. Mas o assunto fica para a próxima coluna.

*Hélio Consolaro é professor, jornalista, escritor. Secretário municipal de Cultura, membro do Conselho de Curadores da Fundação Educacional de Araçatuba.

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