OS INCRÍVEIS NÚMEROS DA ECONOMIA MUNDIAL DO TABACO
05 DE JUNHO DE 2013 ÀS 17:35 - Revista digital oásis
Por: Equipe Oásis
O que se esconde atrás de um cigarro? Números absurdamente grandes. A começar pelos 6 trilhões (6 mil bilhões) de cigarros produzidos a cada ano no mundo, um número – astronômico – que sozinho pode dar uma ideia do que é o business do fumo. Apesar de todas as campanhas levadas a efeito para abolir ou pelo menos reduzir o uso do tabaco, o que se verifica é um aumento do seu consumo: 13% a mais em relação há dez anos. Por outro lado, também o número de fumantes é em aumento: segundo dados recentes da OMS (Organização Mundial da Saúde) eles serão cerca de 2,2 bilhões em 2050, o que significa um aumento vertiginoso, visto que as pesquisas precedentes (em 2010) indicavam 1,4 bilhões de fumantes.
Afirmam os especialistas que esses números estão em aumento inclusive porque as multinacionais do tabaco não hesitam em capturar para o vício também os muito jovens. Nos Estados Unidos, por exemplo, a faixa de mercado dos menores de 18 anos de uma das mais famosas marcas de cigarros pulou de menos de 1% para 33% em apenas três anos, graças a uma campanha publicitária que tinha como protagonista um personagem originário das histórias em quadrinhos.
Números que farão crescer ainda mais um business de centenas de bilhões de dólares a cada ano. Em 2010, a rentabilidade do tabagismo estava ao redor de 346,2 bilhões de dólares, para um lucro líquido de 35,1 bilhões. Apenas para dar uma ideia do que representam esses valores, a mesma cifra é obtida somando-se os lucros em 2010 da Coca-Cola, da Microsoft e da rede McDonald's (fonte: The tobacco atlas, da World Lung Foundation).
As seis irmãs
Trata-se de um tesouro em mãos de poucos grupos que têm o poder de influenciar opções econômicas e políticas em diversos países do mundo. As "Big Six" (Seis Grandes) são a China National Tobacco Corporation, um monopólio de Estado (a maior parte dos cigarros do mundo são produzidos na China, que controla cerca 43% do mercado global); a Philip Morris, da qual a legendária Malboro é a marca mais difusa, com 16,4% do mercado. Com diferença de apenas um ponto está a Bat, a British American Tobacco, uma outra grande que possui ramificações em todo o mundo. Seguem depois a Japan Tobacco International, a Imperial Tobacco e a Altadis.
Outros recordes da indústria do tabaco
São resultados financeiros das mil e uma noites graças, também, ao fato que os cigarros (e outros produtos derivados do tabaco como charutos, papeis, fumos para cheirar, etc) estão entre os produtos mais anunciados entre os bens de consumo. Por outro lado, os grandes lucros se equilibram sobre uma despesa de marketing quase impossível de ser quantificada, mas que se supõe gire ao redor de dezenas de bilhões de dólares ao ano. Apenas nos Estados Unidos, por exemplo, são gastos a cada ano cerca de 10 bilhões em publicidade de cigarros (e isso num período em que a publicidade está em boa parte proibida na televisão, no rádio e em outros veículos da mídia).
Ainda segundo dados da OMS, a despesa anual gasta pelas multinacionais para a promoção de seus produtos gira ao redor de 200 dólares por fumante! Onde é gasto todo esse dinheiro? Os meios são hoje muito diversificados, mas em geral estão relacionados a formas de patrocínio ou de promoção direta de eventos esportivos, artísticos, de moda, de viagens-aventura, além dos cada vez mais importantes métodos de merchandising em novelas televisivas e filmes, e agora também na rede. Sem esquecer a assim chamada "caridade", ou seja, a presença em eventos de beneficência e o surgimento de ícones como o homem-Marlboro, o rei da aventura, um dos mitos do século 20.
Aumento da difusão
Quem produz esse tesouro são cerca de dois milhões de trabalhadores espalhados em todo o mundo, 2/3 dos quais na China, que é o maior cultivador de tabaco, junto com a Índia, o Brasil e a Indonésia (veja a distribuição das fábricas de cigarros no mundo, em infográfico produzido pelo The tobacco atlas).
Nos últimos anos houve um aumento da difusão do tabaco nos países da Europa do Leste e em muitos países em desenvolvimento na África e na Ásia. A razão disso está ligada ao custo muito baixo do trabalho, a menores controles do uso de pesticidas (que provocam danos à saúde de que trabalha com eles e quem mora nas áreas onde são utilizados), bem como às monoculturas responsáveis pela depauperação do terreno. A tal ponto que o cultivo do tabaco em alguns países tornou-se o principal fator do PIB (Produto Interno bruto). Este é o caso do Malawi, um estado no sudeste africano onde houve um salto positivo de 50 a 70% das exportações entre os anos 2007 e 2008. Até o extraordinário resultado obtido em 2010, quando o Malawi tornou-se o maior produtor mundial de tabaco Burley. Há um problema sério, no entanto, para essa nação africana: se houver uma queda nos preços, na produção ou na demanda, a economia nacional entraria imediatamente em crise, já que não existem alternativas. As Bix Six se aproveitam exatamente disso pata exercer sua influência sobre o governo do Malawi.
Mas não apenas em pequenos países de economia mais frágil essa influência se faz sentir. Na Itália, um dos países europeus que cultivam tabaco, a queda da produção da variedade Burley levou recentemente a um acordo dos produtores italianos da Toscana, Veneto, Umbria e Campania com a Philipp Morris Itália para que fossem salvos mais de 50 mil empregos.
No Brasil, em 2011 (fonte: http://brasileconomico.ig.com.br/anuario/cat_beb.php), a receita líquida de cigarro no mercado nacional foi de aproximadamente R$ 8 bilhões. No período, a Souza Cruz registrou faturamento de R$ 5,5 bilhões. Deste total, cerca de 80% refere-se à venda de cigarro e o restante é proveniente da exportação de folha de tabaco. Portanto, considerando-se apenas o cigarro comercializado no mercado interno, a Souza Cruz detém uma participação de 60% no volume de vendas, seguida pela Philip Morris com 20%. O restante do mercado é ocupado por empresas pequenas.
Para 2012, a expectativa da Fator Corretora é de crescimento de 14,7% na receita líquida para o segmento de cigarro, decorrente de pequena queda no volume e aumento no preço médio de venda. Para o segmento de exportação de tabaco, a expectativa é de crescimento de 19% na receita líquida que no ano passado foi de R$ 1,06 bilhão.
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