AGENDA CULTURAL

30.7.13

Um sonho


Cidade, esse organismo vivo, dinâmico, que a cada dia amanhece com um humor diferente, com anseios diferentes, com desafios diferentes. Quando, lá atrás, em meus sonhos de menino, pensava em ser prefeito, se quer imaginava as nuances e peculiaridades que uma cidade, estado ou país traziam em si. Cidades têm, por si só, personalidades distintas. Características tão delas, que mais parecem pessoas.

E não será mesmo isso? Não seria adequado pensar na cidade como um ente humano, dotado de anseios, desejos, sonhos? Se assim for, também temos que imaginar uma cidade que, em sendo “gente”, precisa ser tratada com humanidade. Sim, talvez seja este um dos grandes desafios dos gestores do novo milênio: olhar para os espaços sociais – quer sejam urbanos ou rurais – com um olhar mais humano, solidário, conforme afirma Luc Ferry, filósofo francês, em seu Novo Humanismo.

Quando assumi a gestão municipal de Araçatuba, há quatro anos e meio, muitos eram os desafios. Vários deles foram minimizados ou ultrapassados, como a questão do menor abandonado e/ou pedindo nas ruas, inexistente hoje, graças a políticas públicas de assistência social adotadas em nosso governo; o déficit de habitação em Araçatuba, que era altíssimo, hoje reduzido por programas como o Minha Casa, Minha Vida, em parceria com o governo federal; em âmbito educacional, desde o primeiro dia de governo, foi um pedido meu que se priorizasse o ensino de excelência, com material de qualidade para nossas crianças, com professores atualizados e capacitados, alimentação balanceada com acompanhamento de nutricionista, uniforme gratuito para todos os alunos etc.; entre outras ações que podem ser vistas facilmente em Araçatuba, mas que não são o foco deste artigo.

Por que trago estas memórias aqui? Para lembrar que administrar uma cidade é, antes de tudo, pensar em pessoas, em vidas que se levantam todos os dias pela manhã e esperam que sua cidade seja o lugar da esperança, da convivência saudável, que cresçam e vivam sem a intenção de sair para uma “cidade melhor”, já que aqui estão satisfeitas e felizes.

E, nesse pacote, educação e cultura como instrumentos de uma formação sólida. Quando assumi a prefeitura, por exemplo, tínhamos um corpo de balé municipal com um número inexpressivo de crianças matriculadas: aproximadamente 90 alunos, dividindo um espaço pequeno na Casa de Cultura Adelino Brandão, no centro da cidade, com pais tendo que se deslocar de áreas distantes para poder oferecer a seus filhos chance de ingressarem numa atividade artística. Havia somente uma monitora de dança, que também se desdobrava com horários cheios durante o dia, atendendo uma turma atrás da outra. Os pais tinham que promover festa disso ou daquilo, vender rifas para comprarem uniformes ou mesmo roupas especiais para o festival que acontecia no final de cada ano.

Nessa administração, isso tudo mudou. Dos 90 alunos que pegamos em 2009, são mais de 700 matriculados hoje. De um único monitor que tínhamos, hoje são vários professores trabalhando em 5 pontos de Araçatuba, fazendo com que as crianças estudem no entorno do bairro onde residem, economizando tempo e dinheiro de suas famílias. O que antes era pesado e que, muitas vezes, até inibia o ingresso de várias crianças, adolescentes e jovens no corpo de balé municipal, hoje é distribuído gratuitamente, e da melhor qualidade: kits com colan, sapatilhas e meia-calça; e, para as apresentações especiais, todos os bailarinos recebem seu figurino gratuitamente, sem arcar com despesa nenhuma.

Investimentos, também, nas estruturas físicas, com espaços adequados a esta modalidade de dança, com aplicação de piso de madeira especial nas salas, amortecendo o impacto, linóleo, barras fixas, equipamento de som e ventiladores adequados nas escolas municipais Egles Gabas de Carvalho (Vista Verde), Fausto Perri (Alvorada), no Centro Municipal de Formação da Criança e do Adolescente (Cemfica TV), e na Casa de Cultura Adelino Brandão, e contratamos, por meio de licitação, uma escola de balé profissional da cidade para ministrar as aulas. Nossa previsão de investimento para este ano é de R$ 700 mil, o que equivale a mil reais por aluno, em média.

Quando vejo famílias inteiras emocionadas com seus filhos, parentes e amigos, quando vejo crianças, adolescentes e jovens desenvolvendo suas performances nos palcos, nas apresentações públicas, também me emociono junto. Aquele sonho de menino, de me tornar prefeito, vem à tona e me faz ver que valeu a pena. É verdade que há muito para se fazer, e iremos fazê-lo. Mas também é verdade que muito já foi feito, e em tão pouco tempo. Ver que a Araçatuba da minha infância está grandemente modificada, e para melhor. Ver que o araçatubense está mais valorizado, com mais oportunidades de emprego e renda, em cultura e educação, em exercer a sua cidadania de forma mais eficaz. Ver que a cidade, hoje, é tratada como um ente que tem alma, que tem vida, que tem sonhos... E que estes sonhos estão, cada dia mais, virando realidade, é muito emocionante.

Se, para alguns, uma cidade ser reconhecida pelo trabalho que desenvolvia com música era utopia, cite-se Tatuí. Se para os céticos de plantão Olímpia ser vista como a cidade do Folclore era exagero, é só ir lá e ver a dimensão que aquele projeto tomou. São pouco mais de quatro anos que investimos no Balé Municipal e, em tão curto espaço de tempo, os resultados estão aí para quem quiser ver. E não há exagero algum nisso.

Um abraço e tudo de bom!

Aparecido Sério da Silva
Prefeito de Araçatuba

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